Advogados de Lula apostam em novo recurso no STJ
Novo recurso ao Superior Tribunal de Justiça é a aposta da defesa para tentar livrar Luiz Inácio Lula da Silva da prisão. Advogados argumentam que o petista foi condenado por um “crime sem conduta” no processo do tríplex do Guarujá (SP). Alegação é que o imóvel nunca foi de Lula. Presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann diz que a militância seguirá acampada nas proximidades da Superintendência da PF em Curitiba enquanto o ex-presidente estiver preso no local. Hoffmann cobrou posicionamento da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber, que votou contra a prisão de condenados em segunda instância em julgamento em 2016
Curitiba - Cerca de 600 manifestantes de movimentos sociais, representantes de sindicatos de trabalhadores e apoiadores do ex-presidente Lula fizeram uma vigília neste domingo (8) próximo ao prédio da Superintendência da PF (Polícia Federal), no bairro Santa Cândida, em Curitiba.
A PM (Polícia Militar) fez o isolamento a uma quadra da entrada principal do prédio onde Lula está preso desde às 22 horas e 30 minutos da noite de sábado (7) e o batalhão de choque acompanhou de perto, sem intervir. Já manifestantes favoráveis à prisão de Lula apareceram em número pequeno em outra área aos fundos. Mas não houve incidentes neste domingo.
A Polícia Federal não se manifestou sobre a confusão gerada após ação policial que deixou nove feridos na noite de sábado no momento da chegada do helicóptero que trouxe o ex-presidente à capital paranaense. Os militantes, que estavam posicionados em frente ao portão principal, foram expulsos após policiais federais dispararem bombas de efeito moral e lançarem gás lacrimogêneo contra o grupo.
O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Dr Rosinha, e a presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores, Regina Cruz, informaram que no momento da ação da polícia estavam dentro do prédio da PF assinando um acordo para recuarem uma quadra após a chegada de Lula. O acordo também seria firmado com manifestantes favoráveis à prisão que acompanhavam em uma área isolada em outra esquina.
Dr Rosinha classificou de “massacre” a ação da PF e isentou a PM de culpa no incidente. “Estávamos prontos para cumprir o combinado porque não tínhamos o conhecimento do mandado judicial para deixar a porta da Superintendência. Isso que foi feito pela PF foi um crime” disse Rosinha. A sindicalista salientou que a mesma medida não foi utilizada para repreender o grupo que apoiava a prisão de Lula. “Do lado de lá não houve ação do Bope nem da PF, mesmo eles estando com fogos de artifício”, lembrou Regina.
“Nunca imaginaríamos uma ação truculenta. Nós tínhamos crianças aqui e estávamos manifestando de forma pacífica”, disse a professora da rede municipal Valquiria Mazetto. Manifestantes deixaram barracas e bandeiras para trás. Ambulantes que estavam no local também saíram assustados com a confusão e correria.
De acordo com Coronel Mário Henrique do Carmo, comandante do 20º Batalhão da PM, a ação partiu da PF após ouvirem duas explosões que teriam ocorrido no meio dos manifestantes.
“Os ânimos ficaram acirrados com a aproximação do helicóptero e foi uma reação após ouvirem as duas explosões e a Polícia Federal agiu”, disse.
A comandante também negou que houve falhas no esquema de segurança coordenado pela PM para chegada do ex-presidente.
“Dentro do prédio, o território é da PF e não cabe a nós intervir. O choque da PM não usou bombas”.
MILITÂNCIA
O ponto alto da manifestação dos apoiadores de Lula foi no meio da tarde deste domingo quando a cantora Ana Cañas fez uma apresentação musical entoando clássicos da MPB. Ao interpretar “O Bêbado e a Equilibrista” (composição de Aldir Blanc e João Bosco, sucesso consagrado por Elis Regina), a cantora disse que a música é considerada pelo próprio Lula uma das marcantes da vida do ex-presidente. Ana Cañas também puxou palavras de ordem como “Lula livre” e “Lula Presente”. Além dos manifestantes, a plateia era composta pelos senadores petistas Gleisi Hoffman e Lindenberg Faria.