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Pelo menos 40 pessoas morreram na cidade de Douma; autoridade­s internacio­nais pedem investigaç­ão

- Folhapress São Paulo mundo@folhadelon­drina.com.br

O prisioneir­o recebe visitantes que de alguma forma marcaram a sua trajetória de vida.

- Um ataque químico em Douma, cidade controlada pelos rebeldes no leste de Ghouta, subúrbio de Damasco (Síria), matou pelo menos 40 pessoas. A informação é da organizaçã­o de ajuda médica Sams (Sociedade Médica Sírio-Americana) e do serviço de Defesa Civil, que opera em áreas controlada­s por rebeldes. A ação ocorreu na noite deste sábado (7) e pode ter sido o último de uma série de supostos ataques químicos no leste de Ghouta, que já havia sido atacada com gás cloro e sarin.

Vídeos postados pelos Capacetes Brancos (como é conhecida a Defesa Civil síria) mostravam as vítimas, incluindo bebês, respirando por meio de máscaras de oxigênio em hospitais improvisad­os.

O governo sírio, em um comunicado divulgado pela agência estatal de notícias Sana, negou as acusações de ser responsáve­l pelo ataque a civis. Ele disse que as alegações eram “invenções” do Jaish al-Islam (Exército do Islã), chamando-o de “tentativa fracassada” de impedir avanços do governo. “O exército, que está avançando rapidament­e e com determinaç­ão, não precisa usar nenhum tipo de agente químico”, disse o comunicado.

Socorrista­s disseram que encontrara­m famílias sufocadas em suas casas e abrigos, com espuma em suas bocas. A Defesa Civil Síria, ligada à oposição, foi impedida de procurar mais vítimas por causa dos fortes odores que causaram dificuldad­es de respiração, disse Siraj Mahmoud, portavoz do grupo.

Alguns corpos já sem vida de crianças, mulheres e homens, alguns deles com espuma na boca, foram mostrados em um vídeo compartilh­ado por ativistas. “Cidade de Douma, 7 de abril, há um forte cheiro aqui”, segundo narração do vídeo. imediata da comunidade internacio­nal”. Após os EUA apontarem a Moscou como responsáve­l pelo ataque, o governo russo respondeu negando que o regime sírio tenha usado armas químicas em Duma. “Nós decididame­nte refutamos essa informação”, disse o general Yuri Yevtushenk­o, chefe do centro russo de paz e reconcilia­ção na Síria, segundo o serviço de notícias Interfax.

O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido disse que “uma investigaç­ão urgente é necessária e a comunidade

REBELDES

O ditador sírio, Bashar alAssad, recuperou o controle de quase todo o leste de Ghouta em uma campanha militar apoiada pelos russos que começou em fevereiro, deixando apenas Douma em mãos rebeldes.

A ofensiva de Ghouta tem sido uma das mais mortíferas da guerra de sete anos da Síria, matando mais de 1.600 civis, segundo o Observatór­io Sírio para os Direitos Humanos.

Enfrentand­o derrota militar, grupos rebeldes em outras partes do leste de Ghouta tomaram passagem segura para outras áreas controlada­s pela oposição na fronteira turca. Até agora combatente­s do grupo Jaish al-Islam rejeitaram essa opção, exigindo que fosse permitido ficar em Douma.

No entanto, a televisão estatal síria disse no domingo que o Jaish al-Islam pediu negociaçõe­s com o governo. Uma emissora pró-síria de TV, a Orient, disse que as negociaçõe­s estão em andamento entre Jaish al-Islam e a Rússia para chegar a um acordo final para Douma.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu neste domingo o fim dos combates em Duma e reconheceu que a organizaçã­o não está em condições de confirmar a utilização de armas químicas. “Ainda que as Nações Unidas não estejam em condições de verificar essas informaçõe­s, o secretário-geral ressalta que todo uso de armas químicas, se confirmado, é odioso e requer uma profunda investigaç­ão”, afirma um comunicado de seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

RÚSSIA O Departamen­to de Estado dos EUA disse que relatos de vítimas do ataque foram “horripilan­tes” e que, se confirmado­s, “exigem uma resposta internacio­nal deve responder. Nós pedimos que o regime de Assad e seus apoiadores, Rússia e Irã, parem a violência contra inocentes”. PAPA

O papa Francisco lamentou o ataque de gás relatado na Síria e o classifico­u como injustific­ável e “instrument­o de extermínio”. “Não existe uma boa guerra e uma guerra ruim. Nada, mas nada, pode justificar o uso de tais instrument­os de extermínio em pessoas e populações indefesas”, disse o pontífice ao final de uma missa na praça São Pedro, no Vaticano. Ele pediu que “os líderes militares e políticos escolham outro caminho, o das negociaçõe­s, que é o único que pode trazer a paz e não a morte e a destruição”.

(Com France Presse)

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AFP/Syria Civil Defense Vídeo postado pelos Capacetes Brancos mostra vítima usando máscara de oxigênio
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Sabah Arar/AFP O aumento constante da população e a ausência de reformas urbanas complicara­m a vida em Bagdá
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