Folha de Londrina

Defesa de Lula tenta novo recurso no STJ

Os advogados do ex-presidente alegam que ele foi condenado por crime ‘sem conduta’

- Fábio Serapião, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo Agência Estado

São Paulo - A defesa de Lula vai ao (STJ) Superior Tribunal de Justiça para tentar livrar o ex-presidente da prisão da Lava Jato, sempre insistindo na tese de sua inocência. Os advogados alegam que Lula foi condenado ‘por um crime sem conduta’ no processo do famoso triplex do Guarujá - pena de 12 anos e um mês de reclusão.

Aos ministros do STJ, onde cabe recurso especial, os advogados vão reiterar a versão de que o triplex não é e nunca foi de Lula “Os argumentos ao STJ são inúmeros, inclusive atipicidad­e da conduta”, destacou o criminalis­ta José Roberto Batochio, do núcleo de defesa do ex-presidente.

O ex-presidente se entregou à PF no início da noite de sábado (7), depois que se passaram 25 horas do fim do prazo dado pelo juiz Sergio Moro para que o petista se entregasse. Ele deixou o Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC em São Bernardo do Campo (SP), depois de falar a militantes, políticos e artistas que foram ao local prestar solidaried­ade. Em seu discurso, o ex-presidente fez duras críticas à imprensa, ao Ministério Público Federal e ao juiz Moro. Disse que iria preso para enfrentar a Lava jato e após o ato político, Lula foi carregado por uma multidão e teve dificuldad­es para deixar o local, pois simpatizan­tes tentavam impedilo de se entregar. No final da noite, ele desembarco­u no Aeroporto Afonso Pena, na Região Metropolit­ana de Curitiba, e seguiu de helicópter­o para a Polícia Federal da capital paranaense para começar a cumprir a pena de 12 anos de prisão (Leia mais na página 4).

DEFESA

“De quem é o apartament­o?”, questiona o advogado José Roberto Batochio, referindo-se ao fato de que, formalment­e, o triplex está em nome da OAS - a Operação Lava Jato sustenta que a empreiteir­a pagou propinas de R$ 2,2 milhões a Lula por meio de obras de reforma e melhorias do apartament­o do Guarujá, em troca de contratos com a Petrobras durante o governo do petista.

Para Batochio, este é um ‘caso muito claro de crime sem conduta’. “Alguma vez na vida alguém viu o Lula saindo de toalhinha no pescoço, de sunga, ou com as chaves (do triplex) na mão? Qual o ato que Lula praticou para receber a reforma da cozinha do imóvel? Qual o objeto da corrupção? Ora, o que precisa para condenar um inocente? Só a boa vontade do acusador e do julgador? Trata-se de um crime sem conduta.”

Ele disse que vai recorrer sim no STJ, em nível de recurso especial e, no Supremo, em nível de recurso extraordin­ário. “A lei diz que ninguém pode ser condenado por fato que não seja criminoso”, pondera Batochio.

Ele considera ‘intrigante’ o fato de que uma parte dos magistrado­s da Lava Jato seja de Curitiba. Ele faz uma ironia. “Uma coisa me intriga muito, longe de querer insinuar qualquer coisa, mas há uma coincidênc­ia sobre a qual chamo a atenção, os juízes deste processo são de Curitiba. Já disseram que estamos diante de uma Conexão Araucária.”

O criminalis­ta põe sob suspeita as manifestaç­ões de rua contra Lula. “Quem paga os rojões e as bandeiras em frente à Polícia Federal? Isso tudo é muito estranho.”

Ele recorre um emblemátic­o capítulo da História recente, a criação da Corte dos Aliados depois da Segunda Grande Guerra. “Quando a história julgar esse processo, uma condenação sem crime, sem atos praticados pelo condenado, uma coisa absolutame­nte forçada, artificial, cerebrina, quando a história se deparar com esse fato, não sei quando será, mas será, haverá um julgamento nos moldes do Tribunal de Nuremberg.”

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Heuler Andrey/AFP Lula chega à superinten­dência da Polícia Federal em Curitiba para começar a cumprir pena de 12 anos de prisão

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