‘Não arredaremos pé’, diz Gleisi, sobre acampamento em frente à PF
Presidente nacional do PT também contou que pedirá sindicância para apurar atos de violência verificados na chegada de Lula
– A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse nesse domingo (8) que a militância do partido seguirá acampada nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal (PF), no bairro Santa Cândida, em Curitiba, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estiver preso no local. Ela também contou que pedirá à PF que abra uma sindicância para apurar os atos de violência verificados entre a noite de sábado (7) e a madrugada de ontem, quando o helicóptero trazendo Lula chegou. Pelo menos nove pessoas, sendo um policial e oito manifestantes, ficaram feridas, reprimidas por bombas de efeito moral e balas de borracha.
“Entendemos essa prisão do presidente Lula como uma prisão política, a primeira depois da abertura democrática brasileira. O que estamos assistindo aqui é um desvio completo do papel do Judiciário. Não há aqui uma Justiça isenta. Muito pelo contrário. Há uma Justiça parcial, que tem lado. Por isso nós protestamos. Respeitamos a decisão do presidente Lula, de cumprir a ordem de prisão expedida, mas vamos lutar em todas as áreas pela sua liberdade”, afirmou a senadora. Uma das possibilidades comentadas era de que o grupo pudesse migrar para um parque na capital paranaense, o que a petista adiantou que não acontecerá.
Gleisi também cobrou um posicionamento da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, que votou contra a prisão de condenados em segunda instância em julgamento em 2016. Na sessão em que o habeas corpus preventivo de Lula foi negado, porém, a magistrada falou que seguiria a tese vencedora naquele ano. “Temos a expectativa de que na quartafeira ela cumpra com aquilo que falou no último julgamento em que participou”. Segundo a senadora, os advogados do petista têm entrado em contato com os ministros, como é de praxe.
A presidente do PT citou ainda que a legenda entrou com recursos em Cortes internacionais, como no caso da Comissão de Direitos Humanos na ONU [Organização das Nações Unidas]. “Mas vamos lutar também politicamente. Por isso essa vigília aqui. É uma vigília que não tem fim. Enquanto o presidente estiver na Polícia Federal, nós ficaremos aqui. Temos caravanas de vários lugares do Brasil vindo para cá, manifestações de lideranças nacionais e autoridades internacionais que querem visitar o presidente (…) “Portanto, é importante deixar firme essa posição nossa, de que não arredaremos pé dessa luta pela liberdade do presidente Lula”.
Entre as visitas programadas para essa semana estão as dos nove governadores do Nordeste e de parlamentares de diversos partidos. Ontem, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) esteve no acampamento. “Essa mobilização tem um caráter pedagógico. Estamos mostrando ao povo que tem de haver resistência. Vamos organizar um amplo movimento de resistência democrática e construir outra esquerda preparada para os enfrentamentos. Se pensam que prendendo ele vão acabar com as ideias dele, não vão. O que [o juiz Sergio] Moro vai conseguir é transformar Lula numa das maiores figuras de resistência democrática”. justificativa para que a polícia trate com violência uma manifestação pacífica. Ainda que tivesse acontecido qualquer distúrbio, o que não aconteceu, não justificaria as bombas que foram atiradas contra os nossos militantes e contra o povo que estava aqui em solidariedade ao Lula, coisa que não aconteceu em relação ao outro lado, mesmo soltando foguetes em direção ao helicóptero em que o presidente estava. A petista quer acompanhar a sindicância administrativa para “tomar as medidas legais necessárias”.
Curitiba FERIDOS A senadora reforçou que os feridos foram atingidos pela PF, e não pela Polícia Militar. “Não há nenhuma ADVOGADO DE LULA
O advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, deixou a sede da Superintendência da Polícia Federal no fim da tarde de ontem. Em coletiva de imprensa, informou que Lula está indignado com a prisão e que não há motivos para mantê-lo em Curitiba. O advogado não confirmou se o ex-presidente assistiu ao jogo do Corinthians. “Ele está bem e vamos continuar com as medidas jurídicas para revogar essa prisão e por hora não vamos adiantar as estratégias jurídicas que iremos adotar.” Zanin disse acreditar numa reversão no STF. “Essa decisão não é compatível com a legislação. Nem a condenação tão pouco a prisão para cumprimento de pena antecipada”.
(Colaborou Guilherme Marconi)