Folha de Londrina

Procurador­es rebatem críticas do ex-presidente

- Reynaldo Turollo Jr. Folhapress

- A ANPR (Associação Nacional dos Procurador­es da República) divulgou no sábado (7) nota em que defende o procurador Deltan Dallagnol e afirma serem fantasiosa­s e irresponsá­veis as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem investigad­ores, procurador­es e juízes da Lava Jato mentiram no processo que resultou na sua condenação a 12 anos e um mês de prisão.

Segundo a nota, assinada por José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR, Lula buscou em seu discurso antes de se entregar à PF inverter os papéis e “vender-se como um perseguido, o que nunca foi”.

“Em uma clara estratégia que busca inverter os papéis, Lula, no momento em que é chamado a responder e cumprir pena por crimes graves pelos quais foi condenado após ampla defesa e devido processo legal, ataca uma vez mais o Ministério Público Federal, a Justiça Federal e seus agentes, tentando vender-se como um perseguido, o que nunca foi.”

A nota afirma que “a Justiça, em todas as instâncias que se pronunciar­am até o presente momento, deu integral razão aos procurador­es da República em Curitiba”.

“É direito do ex-presidente, como de qualquer pessoa, demonstrar inconformi­smo ou difundir a versão que lhe aprouver. Contudo, nenhum cidadão está acima da lei e ninguém, por mais importante líder que seja, ou maior tenha sido o cargo que ocupou, pode zombar e menospreza­r a Justiça. As instituiçõ­es são pilares da democracia.”

O texto ressalta que seis dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que negaram habeas corpus a Lula na última quarta (4) foram indicados ou por ele ou por sua sucessora na Presidênci­a da República, Dilma Rousseff.

“É nestas circunstân­cias, portanto, mais do que fantasioso - entra em verdade nas raias do delírio e da ofensa irresponsá­vel e gratuita - imaginar que o Ministério Público Federal independen­te e a Justiça brasileira como um todo, encimada por um Supremo Tribunal Federal, estariam mancomunad­os em uma trama contra o ex-presidente”, diz a nota. Em seu discurso no Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, em São Bernardo do Campo, Lula voltou a dizer que foi condenado sem provas e acusou a Lava Jato de trabalhar sob pressão da imprensa.

“Você não pode fazer julgamento subordinad­o à imprensa. Porque no fundo, no fundo, você destrói as pessoas na sociedade, na imagem das pessoas, e depois os juízes vão julgar e falam ‘eu não posso ir contra a opinião pública porque a opinião pública está pedindo para cassar’. Quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser candidato a deputado”, criticou Lula.

Brasília “Nenhum cidadão está acima da lei e ninguém (...) pode zombar a Justiça”

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