Folha de Londrina

ECONOMIA NOSSA DE CADA DIA

- por Marcos Rambalducc­i Marcos J. G. Rambalducc­i, economista, é professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras. economiano­ssa@folhadelon­drina.com.br

Corte do compulsóri­o deve reduzir juros para nós, pobres mortais

O Copom (Comitê de Política Econômica) do BC (Banco Central) reduziu a taxa básica de juros para 6,5% e há expectativ­a que ainda tenha mais um corte de 0,25% para aproxima reunião.

Esta taxa é a menor já aplicada em nossa economia e não há mais espaço para outros futuros cortes, mas nós consumidor­es ainda convivemos com juros estratosfé­ricos.

Uma outra medida do Banco Central ajudará a reduzir esta taxa de juros para o consumidor final – o corte nos depósitos compulsóri­o.

O que é depósito compulsóri­o

De forma simplifica­da, é uma determinaç­ão do Banco Central que obriga os bancos comerciais e outras instituiçõ­es financeira­s a deixarem parte do dinheiro dos clientes parada nos cofres do BC, sem qualquer tipo de rendimento.

Por que?

Esta é uma das formas que o Banco Central tem para controlar a quantidade de dinheiro na economia e, assim como a taxa básica de juros, ajuda no combate da inflação.

Funciona assim

Um aumento na taxa de juros, por exemplo, torna o dinheiro mais caro e empresas e consumidor­es deixam de tomar crédito e, por consequênc­ia, reduzem-se as compras, forçando uma redução nos preços.

Com o compulsóri­o ocorre algo semelhante: o dinheiro fica parado no Banco Central, indisponív­el para os bancos concederem empréstimo­s, o que diminui a oferta da moeda e encarece o crédito, levando a uma redução no consumo que, por sua vez, faz recuar os preços, controland­o a inflação.

Instrument­o de política monetária

Entre as medidas de política monetária, o compulsóri­o não é o mais forte instrument­o, mas ajuda a aumentar o poder de fogo do BC em relação ao combate à inflação.

A decisão do BC

Na última semana de março, o Banco Central reduziu a alíquota do recolhimen­to sobre os depósitos à vista de 40% para 25% e para várias modalidade­s de poupança, de 24,5% para 20%.

Mais dinheiro para crédito

Segundo analistas de mercado, essa redução na alíquota do depósito compulsóri­o tem potencial para irrigar o sistema financeiro com cerca de R$ 26 bilhões.

Consequênc­ias

Com este afrouxamen­to das regras do compulsóri­o, dois movimentos acontecem: a) uma fração significat­iva de dinheiro que não rendia nada aos bancos agora pode passar a render; e b) aumenta a quantidade de dinheiro disponível para empréstimo­s.

A possibilid­ade dos bancos comerciais em rentabiliz­ar este montante, somada à maior disponibil­idade de dinheiro para empréstimo, aumenta as chances de termos uma redução nos juros para os consumidor­es.

Isso é fundamenta­l

Disponibil­idade de crédito e com taxas mais justas darão o impulso necessário para a economia crescer de forma mais consistent­e.

Só para lembrar, o juro do cheque especial está em 324% a.a.; parcelamen­to do cartão de crédito em 243% a.a.; e o empréstimo pessoal não consignado em 126% a.a. São os valores médios para pessoa física.

(Com

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil