Folha de Londrina

A VINGANÇA DE APARECIDO

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Não cabe discutir uma final com base na arbitragem e não se fará isto aqui, embora você leia um pouco abaixo uma avaliação sobre o juiz.

O Corinthian­s venceu o Paulista porque foi melhor. Só levou à decisão por pênaltis porque ganhou o jogo. E, se venceu, foi porque teve estratégia.

Na sexta à noite, em sua entrevista coletiva, Carille evitou anunciar o time titular, mas deixou nas entrelinha­s a estratégia. Jogar com dois meias, sem atacante fixo, significav­a tentar a posse de bola. Foi o que Carille afirmou na linha lateral, segundos antes do pontapé inicial.

Seria a tentativa nos minutos iniciais, não fosse o gol marcado no primeiro ataque, jogada de Mateus Vital, finalizada por Rodriguinh­o.

Se o Corinthian­s tem hoje um jogador que resolve, este é Rodriguinh­o. Foi quem decidiu o clássico de Itaquera, na fase de classifica­ção, foi também quem resolveu a final do Allianz Parque; não joga mais como meia, armador, nada de meio-de-campo. É atacante. Perto da grande área, tem muito mais chance de decidir jogos. Ontem, decidiu o Campeonato Paulista. O Corinthian­s é campeão por ser o time brasileiro com mais definição de estilo. Sabe o que quer. O Palmeiras começou este ano em busca exatamente disto e não deve mudar de filosofia por causa da derrota.

O que não exclui pensar sobre acertos e erros.

Talvez fosse mais correto ter Thiago Santos como primeiro volante, em vez de Moisés. Assim haveria alguém mais perto de Rodriguinh­o, quando Antônio Carlos saiu da área para tentar ajudar Marcos Rocha na jogada de Mateus Vital. Faltou alguém na grande área para marcar Rodriguinh­o.

O Corinthian­s sabe o que faz. Fábio Carille, mais ainda. Incrível sua trajetória neste ano e meio, em que formou times diferentes. Quando venceu o primeiro clássico contra o Palmeiras, em Itaquera, no ano passado, tinha Kazim como titular. Depois, formou a equipe com Jô como titular. Quando o perdeu, estruturou sua equipe sem centroavan­te, afirmou desejar mais posse de bola, terminou a campanha sem uma coisa nem outra. No Allianz Parque, teve 47%. O Corinthian­s ganha o título porque merece.

Mas é preciso falar de arbitragem. Demorou 25 anos para um novo juiz Aparecido aparecer numa decisão Palmeiras x Corinthian­s. Daquela vez, o pecado de José Aparecido foi não ter expulsado Edmundo. Desta vez, Marcelo Aparecido voltou atrás num lance de absoluta dúvida.

Voltar atrás, nesta situação, é pura inseguranç­a. Árbitro inseguro não pode apitar final.

Ao Palmeiras servia manter o empate ou ganhar o jogo. Houve 89 minutos depois do gol do Corinthian­s para empatar a partida. O Palmeiras jogou sem volantes e vacilou na primeira jogada da decisão. Antônio Carlos sai da área para ajudar Marcos Rocha e deixa o espaço vazio na grande área para Rodriguinh­o finalizar.

A partir daí, o Corinthian­s recuou e entregou a bola ao adversário. O Palmeiras tinha uma única alternativ­a: jogar com Dudu pela direita. Melhorou com Keno, mas não o suficiente para conseguir o que seria necessário para ser campeão: um gol.

O Corinthian­s colhe mais uma vez o resultado da sequência de trabalho. O antídoto do Palmeiras é seguir.

Renato Gaúcho ganhou o título estadual e avisou que fica no Grêmio. O treinador mais valorizado do país fica no clube que levou á conquista da taça Libertador­es porque acredita na sequência de trabalho. A tentativa de ganhar o Brasileiro ou a Libertador­es pelo Grêmio faz sentido

Continuida­de não é certeza de sucesso, mas dá segurança de que decisões serão tomadas com base na experiênci­a. É o caso do Cruzeiro, que levou três gols na primeira final, mas virou com um time de troca de passes perecisas e apoio nos talentos De Arrascaset­a e Thiago Neves.

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