Cuba indica sucessor de Raúl Castro
Míguel Díaz-Canel, 57, será o primeiro chefe de Estado cubano após quase 60 anos dos Castro no poder
Havana - Míguel Díaz-Canel, primeiro vice-presidente do Conselho de Estado, foi oficialmente indicado pela Assembleia Nacional nesta quarta-feira (18) o sucessor de Raúl Castro no governo cubano.
Em sessão que começou às 9h (10h de Brasília), a Comissão de Candidaturas Nacional apresentou sua proposta para a composição do novo conselho, com Díaz-Canel na sua presidência - cargo que representa o chefe de Estado e de governo de Cuba.
Os nomes ainda precisarão ser confirmados no principal órgão Legislativo nesta quinta-feira (19), mas há pouco espaço para surpresas.
Díaz-Canel foi aplaudido de pé pelos pelos colegas e recebeu um aperto de mão e um abraço de Raúl.
Após quase 60 anos dos Castro no poder, Raúl deixará o governo nesta quinta, mas seguirá à frente do Partido Comunista Cubano (até 2021) e das Forças Armadas - postos que de fato ditam a política na ilha. A expectativa, portanto, é que Díaz-Canel siga sob o comando do general.
O mandato do Conselho de Estado - que é formado pelo presidente, primeiro vicepresidente, outros cinco vicepresidentes, um secretário e mais 23 membros (na última legislatura havia 25) - é de cinco anos.
Aos 57 anos, Díaz-Canel é parte de uma geração que nasceu depois da revolução. Na nova composição da Assembleia Nacional, 87,6% também não tinham nascido quando o poder foi tomado a partir de Sierra Maestra.
É engenheiro eletrônico de formação, mas, assim que se formou, aos 22 anos, ingressou nas Forças Armadas Revolucionárias. Serviu por três anos e voltou para a universidade, onde além de lecionar, ingressou na UJC (União de Jovens Comunistas) local. Pela UJC, foi para a Nicarágua, em 1987, durante a Revolução Sandinista. Nunca exerceu a engenharia.
Quando regressou, dois anos depois, já se tornaria o dirigente da União de Jovens Comunistas de Santa Clara. Do comitê jovem, seguiu sua trajetória para o Partido Comunista, que o levaria a Havana em 2009, já como ministro da Educação Superior.
Ao seu perfil discreto se credita, em grande parte, sua ascensão dentro do regime.
Antes de anunciar os nomes para o Conselho de Estado, a presidente da Comissão de Candidaturas Nacional, Gisela Duarte Vázquez, lembrou que a proposta atendia ao desejo expressado pelo próprio Raúl Castro de deixar a presidência do conselho neste ano.
“Para a confecção das propostas, partimos, em primeiro lugar, do respeito à vontade manifesta do general do Exército Raúl Castro Ruiz, de que sua responsabilidade à frente do Estado e do governo se concluiria na eleição do novo conselho de Estado”, disse.