História retida em imagens
Grupos criados na internet reúnem milhares de fotografias de Londrina que mostram mudanças arquitetônicas, fatos políticos e comportamento através do tempo
Oafeto que os londrinenses nutrem pela cidade fica explícito quando se observa a quantidade de fotografias de Londrina compartilhadas nas redes sociais. Em apenas dois grupos criados no Facebook com esse objetivo é possível encontrar mais de 80 mil imagens que registram transformações estruturais, estéticas, sociais e arquitetônicas pelas quais o município tem passado desde a sua fundação, na década de 1930.
Criado despretensiosamente em 2012, o grupo Londrina Memória Viva reúne mais de 30 mil fotografias da cidade postadas por atuais e antigos moradores. “O grupo foi criado por acaso, através de postagens de fotos que tinham a ver com a infância e adolescência de meus amigos. Nós postávamos as fotos e íamos comentando, e as lembranças iam aparecendo” conta a musicista Hylea Ferraz, idealizadora do projeto.
O grande número de postagens e a importância histórica das imagens levou os idealizadores do grupo a criarem algumas regras em relação às fotografias publicadas na página. “As fotos têm que ter referência histórica da cidade nas décadas de 1950 até 1980. Isso porque o Museu Histórico de Londrina apresenta um arquivo gigantesco das décadas de 1930 e 1940. Nosso objetivo foi de incentivar as pessoas a compartilharem fotos para dar continuidade nas memórias que ainda não estão armazenadas no arquivo do museu. O que constatamos é que as famílias londrinenses têm muitas fotografias guardadas em que foram registradas pessoas, lugares, eventos, prédios, etc”, afirma Jaime Carvalho, coordenador do grupo.
Ele conta que atualmente o grupo conta com mais de dez mil membros. “Existem membros com os mais variados perfis, mas a grande maioria são homens e mulheres na faixa etária de 45 a 70 anos”, detalha ao informar que, em média, cada postagem gera de 100 a 400 curtidas e até 200 comentários.
Carvalho explica que o grupo é fechado, mas que a partir do momento que um novo membro é aceito ele deve seguir algumas normas em relação às postagens que pretende fazer. “As regras do grupo são bastante claras com relação a autoria das fotos e dos créditos. Pedimos para colocarem o maior numero de informação possível, tais como data, local, nome das pessoas e nome do fotógrafo”, esclarece.
Parte do acervo reunido pelo grupo Londrina Memória Viva rendeu uma exposição itinerante produzida em parceria com o Museu Histórico e que esteve aberta a visitas em diversos espaços públicos da cidade em 2014. “Esse é um dos nossos maiores problemas. Arquivamos as fotos durante os três primeiros anos juntamente com os comentários, mas depois o volume era tão grande que passou a ser impossível alguém cuidar desse arquivo sem ser remunerado, pois nossos coordenadores são pessoas que fazem um trabalho voluntário no Memória Viva e todos tem outras ocupações em tempo integral. Talvez essa seja uma boa oportunidade para levantar o assunto e perguntar: Como guardar todo esse arquivo de fotos e comentários? Que tipo de instituição poderia nos ajudar, tendo em vista a importância do material?”, questiona Carvalho.