Ações trabalhistas mantêm Sercomtel no vermelho
Companhia reduziu prejuízo anual, mas decisão de aumentar provisões para condenações trabalhistas impediu que balanço fechasse positivo
ASercomtel Telecomunicações reduziu o prejuízo anual de R$ 20,6 milhões em 2016 para R$ 4,4 milhões no ano passado, conforme balanço anual publicado pela empresa pública londrinense. Segundo a diretora financeira da companhia, Rosângela Oliveira, o resultado só não foi positivo devido à decisão de aumentar as provisões para condenações trabalhistas. A prestação de contas tem de ser aprovada em assembleia prevista para sexta-feira (27).
Segundo o balanço publicado, a companhia telefônica elevou a receita de R$ 224 milhões em 2016 para R$ 238,6 milhões, um aumento de mais de 6%. Além disso, as despesas foram reduzidas de R$ 86 milhões em 2016 para R$ 70 milhões no ano passado. “[A economia] Foi uma prática determinada no ano passado, assim que [o expresidente Luiz Carlos] Adati assumiu, de cortarmos custos em todas as diretorias, com a ajuda de todos os funcionários”, afirma Rosângela.
Apesar disso, o departamento jurídico incrementou as reservas para questões trabalhistas de R$ 19 milhões para R$ 36 milhões. “Esta diferença está lançada no resultado que apresentou prejuízo. Se não tivéssemos aumentado essas provisões, nosso resultado seria positivo em R$ 10 milhões ou R$ 12 milhões”, afirma.
INVESTIMENTOS
O resultado negativo da Sercomtel prejudica os investimentos necessários para garantir a manutenção da companhia na concorrência das telecomunicações. Rosângela diz que o principal foco é a ampliação da rede de fibra ótica para a distribuição da banda larga, de forma a garantir acesso a altas velocidades em qualquer lugar de Londrina. “Para isso, são necessários muitos recursos. Estamos investindo cerca de R$ 25 milhões ao ano na empresa, portanto, não há sucateamento, mas a nossa geração de caixa não é suficiente para ‘fibrar’ a cidade. É um processo lento e, como o setor de tecnologia é muito rápido, nosso processo parece ainda mais devagar”, afirma.
A lentidão característica do setor público é vista como o al- goz da companhia telefônica pelo presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Cláudio Tedeschi. A entidade é uma das representantes da sociedade civil organizada que pede ao prefeito Marcelo Belinati (PP) a modificação da lei que “engessa” a Sercomtel, ao submeter qualquer ação a uma consulta popular via plebiscito.
“Particularmente, eu acho que tem pouca viabilidade como empresa pública, a não ser que preste serviços específicos para o governo”, diz o presidente da Acil. Para ele, a lentidão característica do setor público contrasta com a velocidade do ramo das telecomunicações.
Se não tivéssemos aumentado as provisões, o resultado seria positivo em R$ 10 milhões ou R$ 12 milhões” Estamos investindo cerca de R$ 25 milhões ao ano na empresa, portanto, não há sucateamento”