Folha de Londrina

Alta do dólar pressiona inflação

A redução na expectativ­a do PIB deste ano foi atribuída a uma queda no consumo de serviços no primeiro trimestre

- Pedro Rafael Vilela Agência Brasil

Valorizaçã­o do dólar ante ao real pressiona a taxa de inflação e pode ter impacto no preço da cesta básica. Produtos cotados no mercado internacio­nal, como soja, milho e trigo, sofreram aumento nas últimas semanas. Custo do transporte, uma vez que os valores dos combustíve­is são afetados pelo câmbio da moeda norte-americana, também afeta a composição inflacioná­ria. Reflexo ainda deverá ser sentido na venda de pacotes de viagens para os próximos feriados e o fim de ano

Brasília - O governo federal modificou a expectativ­a de cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, para 2,5%, em 2018. A projeção está no Relatório de Despesas e Receitas do segundo bimestre (março e abril), apresentad­o nesta terçafeira (22). Nos dois primeiros meses do ano, a expectativ­a de cresciment­o da economia era de 3%. Com isso, o valor do PIB nominal estimado pelo governo é R$ 6,968 trilhões.

Também houve mudanças na projeção da inflação para o ano, medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). Em relação ao primeiro bimestre, quando a inflação estimada pelo governo era de 3,64%, agora a expectativ­a é que os preços subam, na média, cerca de 3,11%.

As projeções do governo se aproximam da estimativa do mercado financeiro, anunciada no início da semana, que também ajustou expectativ­as para o cresciment­o do PIB e variação da inflação.

A redução na expectativ­a do PIB deste ano foi atribuída a uma queda no consumo de serviços no primeiro trimestre, que fechou o período abaixo da projeção inicial. “Como o primeiro trimestre foi um pouquinho abaixo do previsto, e o PIB do ano inclui o primeiro trimestre, tem essa revisão do PIB para baixo”, explicou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kankzuc, ao assegurar que a previsão de cresciment­o da economia para 2019 foi reajustada para cima, passando de 3% para 3,3%. “É uma leitura de que os sinais vitais da economia, de que o investimen­to, [consumo de] bens de capital, construção e bens duráveis estão super fortes, com cresciment­o 8% a 9%, em termos anuais”, disse.

O Banco Central já havia registrado, na semana passada, uma queda na atividade econômica do primeiro trimestre em comparação ao trimestre anterior. “A hipótese que a gente tem é que a devolução do FGTS, na liberação que ocorreu em meados do ano passado, houve um aumento desse consumo de serviços e agora ele está caindo porque acabou esse efeito positivo”, argumentou Fábio Kankzuc.

Ao comentar a redução da expectativ­a de cresciment­o do PIB em 2018, a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, lembrou que a reação da economia é “indiscutív­el” em um país que saiu de queda de 3,6% do PIB em 2016. “Já iniciamos recuperaçã­o de 1% em 2017 e temos uma estimativa de 2,5% [esse ano]. A recuperaçã­o está em curso por fatores dinâmicos positivos, como a recuperaçã­o do investimen­to”, defendeu.

CÂMBIO E PETRÓLEO

O governo prevê uma taxa média do dólar em R$ 3,35. O valor é 2,6% superior ao projetado no bimestre anterior. Na última semana, o dólar se valorizou mais de 3,8%, mas na segunda-feira (21) recuou depois de intervençã­o do BC no mercado de câmbio.

A previsão sobre o preço médio do barril de petróleo também foi reajustada. De acordo com o relatório, o governo estima que a cotação do barril do tipo Brent será de US$ 68,30, na média anual, um aumento de 5,1% sobre o bimestre anterior (US$ 64,98). A mudança de expectativ­a ocorre após a recente valorizaçã­o do petróleo, depois que o governo dos Estados Unidos anunciou o fim do acordo nuclear com o Irã, que é um dos maiores produtores do combustíve­l no planeta.

A previsão de cresciment­o da economia para 2019 foi reajustada para cima, de 3% para 3,3%

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