Alta do dólar pressiona inflação
A redução na expectativa do PIB deste ano foi atribuída a uma queda no consumo de serviços no primeiro trimestre
Valorização do dólar ante ao real pressiona a taxa de inflação e pode ter impacto no preço da cesta básica. Produtos cotados no mercado internacional, como soja, milho e trigo, sofreram aumento nas últimas semanas. Custo do transporte, uma vez que os valores dos combustíveis são afetados pelo câmbio da moeda norte-americana, também afeta a composição inflacionária. Reflexo ainda deverá ser sentido na venda de pacotes de viagens para os próximos feriados e o fim de ano
Brasília - O governo federal modificou a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, para 2,5%, em 2018. A projeção está no Relatório de Despesas e Receitas do segundo bimestre (março e abril), apresentado nesta terçafeira (22). Nos dois primeiros meses do ano, a expectativa de crescimento da economia era de 3%. Com isso, o valor do PIB nominal estimado pelo governo é R$ 6,968 trilhões.
Também houve mudanças na projeção da inflação para o ano, medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). Em relação ao primeiro bimestre, quando a inflação estimada pelo governo era de 3,64%, agora a expectativa é que os preços subam, na média, cerca de 3,11%.
As projeções do governo se aproximam da estimativa do mercado financeiro, anunciada no início da semana, que também ajustou expectativas para o crescimento do PIB e variação da inflação.
A redução na expectativa do PIB deste ano foi atribuída a uma queda no consumo de serviços no primeiro trimestre, que fechou o período abaixo da projeção inicial. “Como o primeiro trimestre foi um pouquinho abaixo do previsto, e o PIB do ano inclui o primeiro trimestre, tem essa revisão do PIB para baixo”, explicou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kankzuc, ao assegurar que a previsão de crescimento da economia para 2019 foi reajustada para cima, passando de 3% para 3,3%. “É uma leitura de que os sinais vitais da economia, de que o investimento, [consumo de] bens de capital, construção e bens duráveis estão super fortes, com crescimento 8% a 9%, em termos anuais”, disse.
O Banco Central já havia registrado, na semana passada, uma queda na atividade econômica do primeiro trimestre em comparação ao trimestre anterior. “A hipótese que a gente tem é que a devolução do FGTS, na liberação que ocorreu em meados do ano passado, houve um aumento desse consumo de serviços e agora ele está caindo porque acabou esse efeito positivo”, argumentou Fábio Kankzuc.
Ao comentar a redução da expectativa de crescimento do PIB em 2018, a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, lembrou que a reação da economia é “indiscutível” em um país que saiu de queda de 3,6% do PIB em 2016. “Já iniciamos recuperação de 1% em 2017 e temos uma estimativa de 2,5% [esse ano]. A recuperação está em curso por fatores dinâmicos positivos, como a recuperação do investimento”, defendeu.
CÂMBIO E PETRÓLEO
O governo prevê uma taxa média do dólar em R$ 3,35. O valor é 2,6% superior ao projetado no bimestre anterior. Na última semana, o dólar se valorizou mais de 3,8%, mas na segunda-feira (21) recuou depois de intervenção do BC no mercado de câmbio.
A previsão sobre o preço médio do barril de petróleo também foi reajustada. De acordo com o relatório, o governo estima que a cotação do barril do tipo Brent será de US$ 68,30, na média anual, um aumento de 5,1% sobre o bimestre anterior (US$ 64,98). A mudança de expectativa ocorre após a recente valorização do petróleo, depois que o governo dos Estados Unidos anunciou o fim do acordo nuclear com o Irã, que é um dos maiores produtores do combustível no planeta.
A previsão de crescimento da economia para 2019 foi reajustada para cima, de 3% para 3,3%