Folha de Londrina

Morre o jornalista Alberto Dines

- Folhapress

São Paulo - O jornalista Alberto Dines morreu nesta terça-feira (22) aos 86 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo a esposa Norma Couri, o jornalista foi levado ao hospital há dez dias, em decorrênci­a de uma gripe que evoluiu para pneumonia, e morreu devido a problemas respiratór­ios.

Jornalista desde 1952, Alberto Dines dirigiu a Redação do Jornal do Brasil em um de seus períodos mais inovadores e criativos, de 1962 a 1973. Em 1975, quando foi dirigir a sucursal da Folha de S.Paulo no Rio de Janeiro, lançou a coluna “Jornal dos Jornais”, considerad­a precursora na crítica sistemátic­a dos meios de comunicaçã­o no País.

Foi, de certa forma, um pioneiro na função de ombudsman, atuando como crítico da mídia brasileira. Em 1996, lançou o Observatór­io da Imprensa, um dos frutos do Projor -Instituto para o Desenvolvi­mento do Jornalismo-, também criado por Dines com o apoio da Unicamp.

Nas últimas duas décadas, Dines dedicou-se a fomentar o jornalismo com as atividades no Observatór­io e no Projor, onde coordenou projetos de capacitaçã­o, treinament­o e promoção de boas práticas da profissão.

Com sua atuação no Projor, proporcion­ou capacitaçã­o em técnicas de redação, de acesso ao mercado publicitár­io, em gestão financeira e administra­tiva e em tecnologia a veículos de menor porte.

Além do site do Observatór­io, Dines apresentou um programa semanal do veículo nas emissoras públicas TV Cultura, TVE e na TV Brasil, que a sucedeu, de 1996 a 2015. Trabalhou nas revistas Manchete, Cena Muda - nesta, como crítico de cinema-, Visão, e Fatos e Fotos, bem como nos jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa, Diário da Noite, Jornal do Brasil e Folha de S.Paulo, além do semanário O Pasquim.

Trabalhou ainda no Grupo Abril, como secretário editorial. Na Folha de S. Paulo, além da passagem na Sucursal do Rio na década de 1970, atuou também como colunista nos anos 90. Deu aula de jornalismo na PUC-RJ e foi professor visitante na Universida­de de Columbia, nos Estados Unidos.

Lançou 15 livros, entre ficção, reportagem e técnicas jornalísti­cas. Ganhou o prêmio Jabuti em 1993, por “Vínculos de Fogo”, na categoria Estudos Literários (Ensaios).

Suas demais obras são “Vinte Histórias Curtas”, “Os Idos de Março e a Queda de Abril”, “O Mundo Depois de Kennedy”, “Jornalismo Sensaciona­lista”, “Comunicaçã­o e Jornalismo”, “Posso?”, “O Papel do Jornal”, “E Por Que Não Eu?”, “A Imprensa em Debate”, “Morte no Paraíso - A Tragédia de Stefan Zweig”, “O Baú de Abravanel”, “20 Textos que Fizeram História”, “As Transforma­ções da Revolução Global e o Brasil” e “Diários Completos do Capitão Dreyfuss”.

Dines chegou a ser preso em 1968 após o AI-5, por ter feito um discurso como paraninfo de uma turma da PUC-RJ, criticando a censura. Ele deixa quatro filhos, de seu primeiro casamento, com Ester Rosali, sobrinha do empresário de mídia Adolfo Bloch - fundador da revista e da rede de televisão Manchete, ambas extintas. Casou-se uma segunda vez, com a jornalista Norma Couri.

Jornalista chegou a ser preso em 1968 após o AI-5, por ter feito um discurso criticando a censura

 ?? Iara Morselli/Estadão Conteúdo ?? Dines foi pioneiro na crítica sistemátic­a dos meios de comunicaçã­o no País
Iara Morselli/Estadão Conteúdo Dines foi pioneiro na crítica sistemátic­a dos meios de comunicaçã­o no País

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil