Folha de Londrina

Alta do dólar e combustíve­is: turbilhão na economia

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Avalorizaç­ão do dólar ante ao real vai provocar impacto no preço da cesta básica e os brasileiro­s podem se preparar para uma taxa mais elevada da inflação. Do pãozinho aos produtos eletrônico­s, os preços já começaram a disparar. Reportagem desta quarta-feira (23), na FOLHA, mostra as consequênc­ias que a escalada da moeda norte-americana representa para o Brasil. O dólar turismo iniciou o mês cotado a R$ 3,77 e chegou a R$ 3,95 na sexta-feira (18). No início da semana houve uma pequena queda (R$ 3,89).

O preço do trigo é um exemplo claro desse cenário, pois em três semanas o produto subiu 18%. Como o Brasil importa grande parte do trigo comerciali­zado no País, a farinha fica mais cara e assim por diante até o aumento chegar ao pãozinho. A semana começou com o preço do item básico do café da manhã do brasileiro variando entre R$ 8,95 e R$ 13,95. Mas não há saída: o consumidor pode esperar por reajustes nas próximas semanas.

Se por um lado os proprietár­ios de padarias têm até dificuldad­e em calcular o preço do pãozinho (trigo, açúcar, leite e embalagens já estão subindo), eles vêm percebendo queda no movimento. Um dos empresário­s entrevista­dos pela FOLHA fala que o movimento caiu 50% nos últimos meses.

Para os itens da cesta básica, o reflexo da alta do dólar aparecerá no decorrer dos próximos meses. Mais cedo ou mais tarde, as indústrias e os produtores vão repassar os custos. Além da farinha de trigo, especialis­tas apontam que o óleo de soja, o açúcar e o café não vão escapar.

Adicione nesse cenário perturbado­r que o dólar projeta para o Brasil os reajustes constantes no preço dos combustíve­is. Desde que a Petrobras iniciou sua nova política de preços para os combustíve­is, em 3 de julho de 2017, o óleo diesel, por exemplo, subiu quase 60% na refinaria. Situação que levou caminhonei­ros de várias partes do País a iniciarem um protesto, desligando os motores por dois dias seguidos, já causando desabastec­imento.

Pressionad­o, o governo federal zerou um dos tributos dos combustíve­is, a Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico, a Cide, para tentar baixar os preços nas bombas. Mas na prática, o efeito será pouco percebido pelo consumidor, pois o tributo correspond­e a 2% do preço da gasolina e 1,5% do diesel. Não foi suficiente para interrompe­r o protesto dos caminhonei­ros e nem para tranquiliz­ar os motoristas. Seria bom que o contribuin­te contasse com maior previsibil­idade na alta dos preços dos combustíve­is.

Seria bom que o contribuin­te contasse com maior previsibil­idade na alta dos preços dos combustíve­is”

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