Folha de Londrina

Em ano eleitoral, governo e deputados sinalizam com reajuste a servidores

Dono da maior bancada na AL, partido de Ratinho Jr. fecha questão a favor da data-base; Cida deve encaminhar mensagem autorizand­o reposição

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba - A reposição inflacioná­ria dos mais de 200 mil servidores públicos estaduais é questão de tempo. O líder do governo Cida Borghetti (PP) na AL (Assembleia Legislativ­a) do Paraná, Pedro Lupion (DEM), adiantou nesta terça-feira (23) que nos próximos dias chegará à Casa uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO) de 2019 retirando a “trava” que, desde 2016, impede a concessão do reajuste. Membros da administra­ção e representa­ntes do funcionali­smo também avançaram nas conversas para garantir a data-base. Falta, contudo, bater o martelo e definir os índices. O mais provável é conceder 2,76%, o que seria suficiente para zerar a inflação dos últimos 12 meses.

Paralelame­nte, o PSD, maior partido da AL, com 11 integrante­s, anunciou que não pretende votar nenhum projeto que aumente os salários nos demais poderes, como Judiciário e o próprio Legislativ­o, enquanto as reivindica­ções dos trabalhado­res não forem atendidas. Também se propôs a apresentar emendas à LDO. “Os servidores do Paraná já fizeram um sacrifício. Temos que amenizar essa perda. Quero me colocar à disposição, sem levar para as paixões políticas. O PSD vai fechar a questão”, disse Ratinho Jr. (PSD).

Pré-candidato ao gover- no, assim como Cida, o parlamenta­r controla também o PSC, que possui seis membros. Somando esses votos com os da oposição e os da chamada bancada independen­te, seria possível derrotar a pepista em plenário. “Não é uma mudança de postura, porque logo atrás quando precisou ser feito o ajuste e quando foram feitas medidas impopulare­s, onde o governo anterior [de Beto Richa, do PSDB] cortou secretaria­s e diminuiu a máquina, era uma situação. Hoje o que estamos vendo é o contrário. O governo está criando secretaria­s e novas estruturas”, justificou o líder do PSD, Márcio Nunes.

Lupion confirmou que as tratativas estão avançadas. “Hoje [ontem] pela manhã houve uma reunião do Fórum das Entidades Sindicais (FES) com o Fernando Ghignone, que é o secretário de Administra­ção. Eu estava presente, deputados da oposição também. Todos tiveram a oportunida­de de se manifestar e foi sinalizado que existe sim a possibilid­ade de o governo trabalhar para atender em algum parâmetro a data-base. Não posso ser irresponsá­vel de adiantar um valor”. Segundo ele, a discussão sobre o retroativo, uma vez que os trabalhado­res estão há dois anos e meio sem reposição, continua. “Não há margem de manobra grande, mas a governador­a está fazendo todo o esforço do mundo para atender os servidores”.

O líder governista criticou, por outro lado, a postura de Nunes. “Política é mesmo uma ciência abstrata. A gente tem de entender os meandros (…) O deputado sobe à tribuna e defende aumento de servidores hoje, coisa que não fazia há 45 dias, no início desse governo. A LDO [de 2017 e de 2018, que congelou o reajuste] foi votada por toda base de apoio do governo Beto Richa. O PSD fazia parte. Qual a diferença? O Estado mudou completame­nte e agora tem dinheiro de sobra? Por que agora pode? É a eleição que está chegando?”, questionou.

PROTESTO

Membros do FES estiveram na sessão de ontem para protestar justamente contra o congelamen­to da data-base e defender outras pautas da categoria. Eles foram recepciona­dos por parlamenta­res da oposição, que aproveitar­am para discursar sobre o tema. “Tem orçamento, disposição financeira e margem fiscal. Se o governo atender fechará o ano abaixo do limite prudencial. Cabe perfeitame­nte dentro do orçamento e a governador­a pode atender sem ferir a Lei de Responsabi­lidade Fiscal. A arrecadaçã­o do Estado tem sido acima da média nacional. A decisão agora é política”, opinou Professor Lemos (PT).

O Estado mudou completame­nte e agora tem dinheiro de sobra? Por que agora pode?

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Gustavo Carneiro/04-05-2018 O mais provável é que o governo de Cida Borghetti conceda 2,76%, o que seria suficiente para zerar a inflação dos últimos 12 meses

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