Folha de Londrina

Relator, Fachin vota por condenação de Meurer

Deputado paranaense é o primeiro a ser julgado pelo STF na Lava Jato; discussão será retomada dia 29

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Brasília – No primeiro julgamento de uma ação penal da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, os ministros Edson Fachin e Celso de Mello votaram nesta terça-feira, 22, pela condenação do deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de participar de um esquema de propina instalado na Petrobrás.

Os dois ministros da Corte negaram que estavam criminaliz­ando a atividade política e ressaltara­m que, no caso em questão, se tratava da condenação de um parlamenta­r envolvido em irregulari­dades.

A discussão será retomada na Segunda Turma do STF na próxima terça-feira, 29, com a leitura do voto do ministro Dias Toffoli - completam o colegiado Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowsk­i, que também ainda não se posicionar­am.

Além do parlamenta­r, são réus no caso os dois filhos dele, Nelson Meurer Júnior e Cristiano Augusto Meurer, acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema de desvios na Petrobrás.

Procurado pela reportagem para comentar o resultado parcial do julgamento, Meurer disse: “Não sei de nada, não estou em condições de falar nada”.

Em um voto de duas ho- ras, o ministro Fachin, relator da Lava Jato na Corte, concordou com as alegações da Procurador­ia-Geral da República de que Meurer integrou o “grupo criminoso” do Partido Progressis­ta que recebeu vantagens indevidas no âmbito da Diretoria de Abastecime­nto da Petrobrás por intermédio do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Em troca, o parlamenta­r teria fornecido apoio para a manutenção de Costa na estatal.

“Não se trata de criminaliz­ar a atividade político-partidária. Trata-se de responsabi­lizar nos termos da lei os atos ou omissões que transborda­m limites do exercício legítimo da representa­ção popular”, afirmou Fachin durante a sessão.

VALORES

De acordo com a Procurador­ia-Geral da República, o parlamenta­r recebeu, entre 2006 e 2014, na condição de integrante da cúpula do PP, aproximada­mente R$ 29 milhões, correspond­ente a 99 repasses de R$ 300 mil mensais, em esquema envolvendo o ex-diretor de Abastecime­nto da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.

Para Fachin e Celso de Mello, no entanto, a Procurador­ia não conseguiu comprovar todos os atos narrados que teriam resultado nesse montante, e votaram por condenador o deputado do PP apenas por parte dos valores recebidos.

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Dida Sampaio/Estadão Cnteúdo Nelson Meurer é acusado de receber R$ 29 milhões na condição de integrante da cúpula do PP nos esquemas de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff

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