Atuação discreta no Congresso, amizade com Janene e apoio a Temer
Natural de Bom Retiro (SC), Nelson Meurer, 75 anos, fez carreira política no sudoeste do Paraná, por onde é deputado desde 1995, por seis mandatos consecutivos pelo PP (Partido Progressista). Antes, ele havia sido prefeito de Francisco Beltrão de 1989 a 1992 pelo PDS (Partido Democrático Social), sucessor da Arena.
Membro da bancada ruralista, o agropecuarista presidiu na década de 80 o sindicato rural patronal de Francisco Beltrão. Atualmente na Câmara dos Deputados participa de apenas uma comissão interna: a Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural.
Na sua última disputa ao Congresso, Meurer teve como maior doador de sua campanha em 2014 a Galvão Engenharia, com mais de R$ 1,1 milhão, seguido da JBS – dos empresários Joesley e Wesley Batista - com R$ 700 mil, ambas com os proprietários condenados na Lava Jato. Ainda em 2014, o parlamentar declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 4,56 milhões. Entre os bens estão embarcações, terrenos, fazenda, além de R$ 762 mil guardados em espécie. No curso da investigação da Lava Jato, ele chegou a ter os bens bloqueados.
Nelson Meurer era ainda amigo do ex-deputado londrinense José Janene (falecido em 2010 e réu no processo do Mensalão). Os advogados de Meurer chegaram a usar argumentos inusitados em sua defesa na semana passada: “Ele está sendo condenado pela amizade com um falecido”, disse o advogado Alexandre Jobim. Já o advogado Michel Saiba “desqualificou” o próprio deputado ao dizer que ele não era influente no Congresso: “Meurer nunca foi presidente de uma comissão importante ou relator de algum projeto relevante em 24 anos de mandato.”
POSICIONAMENTO
Na Câmara de Deputados, Meurer votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT) em 2015. Em junho do mesmo ano, apoiou o deputado Eduardo Cunha, votando contra a sua cassação no comitê de ética da Câmara dos Deputados. Já na votação em plenário, que cassou o mandato de Cunha, em setembro de 2016, se absteve de votar.
Em agosto e outubro do ano passado, votou pelo arquivamento das denúncias em desfavor do presidente Michel Temer (MDB). Meurer foi ainda favorável à Reforma Trabalhista e votou pela intervenção militar no Rio de Janeiro. No ano passado, o deputado paranaense aprovou ainda o Fundão Eleitoral, que garantiu ao PP uma das maiores fatias do bolo para as eleições de 2018.