Governo quer reduzir açúcar em alimentos
Genebra, 22 (AE) - O governo brasileiro exigirá maior transparência sobre a quantidade de açúcar em cada produto, em um esforço de combater a obesidade. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 22, pelo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, durante seu discurso na OMS (Organização Mundial da Saúde), em Genebra.
Para isso, o governo trabalha em estabelecer uma nova rotulagem de alimentos. Ao jornal O Estado de S. Paulo, Occhi ainda informou que, até o próximo mês, o governo fechará com a indústria nacional um acordo de redução de açúcar.
“Esperamos ter um acordo até o mês que vem”, disse Occhi. Segundo ele, não existe um porcentual único de redução e cada setor implementará um corte diferenciado. Mas a proposta atingirá produtos como bolos, achocolatados e outros alimentos. “Não faremos nada que não seja negociado”, insistiu, apontando até mesmo para um diálogo com fabricantes de refrigerantes.
A informação sobre a rotulagem, ainda que esteja sendo apresentada nesta semana na OMS, já vem sendo debatida no Brasil desde meados de 2017. “A proposta tem como objetivo combater o excesso de peso e a obesidade, que apresentam níveis preocupantes na população brasileira”, indicou o governo, em nota.
Ainda assim, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil apresentou uma proposta de nova rotulagem de alimentos e acordo com a indústria para redução de açúcar nos produtos ultraprocessados. “As medidas visam facilitar a compreensão do consumidor e trazer orientações claras para escolhas mais saudáveis”, indicou.
“Estamos engajados na adoção de políticas concretas e efetivas para conter o avanço da obesidade. O Brasil adotará medidas para alertar sobre o excesso de açúcar no rótulo de alimentos processados, e, assim, os consumidores poderão fazer escolhas mais saudáveis. Também estamos estruturando medidas para reduzir o açúcar nesses alimentos”, afirmou o ministro.
De acordo com ele, o excesso de peso atingiu, em 2017, 54% da população nas capitais do País e 18,9% estão obesos. O aumento foi de 36% e 42%, respectivamente, de acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está liderando a formulação dos novos rótulos.
“A meta é que ao final do processo seja feita uma consulta pública com a sociedade. A proposta é que o rótulo deve ficar na parte frontal com advertências em relação ao excesso de nutrientes que podem trazer malefícios à saúde, como sódio, gordura e açúcares”, destacou o Ministério da Saúde.
Além da questão das informações, o governo faz um levantamento de políticas fiscais e regulatórias já adotadas no exterior que visa reduzir o consumo de açúcar. De acordo com Brasília, estudos têm sido avaliados sobre o “impacto potencial destas políticas para fortalecer essas agendas nacionalmente”.
“O Ministério da Saúde vem desenvolvendo ainda ações estratégicas de alimentação e nutrição para promover e proteger a saúde dos brasileiros. Entre as iniciativas em discussão com a indústria, está o Plano Nacional de Redução do Açúcar em Alimentos Industrializados. O modelo é similar ao adotado com o setor para redução de sódio, em que foram retiradas 17 mil toneladas entre 2008 e 2016”, disse o ministério.
INVESTIGADO
Occhi está sendo alvo de uma apuração da Caixa Econômica Federal, depois que foi identificado que ele liberou repasses de verbas a parentes quando ainda ocupava cargo no banco e antes de assumir pastas no governo federal.
As informações são do jornal “Folha de S.Paulo”, que indicou nesta terça-feira que R$ 200 mil foram usados para a compra de casas lotéricas por seu filho. Em Genebra, porém, sua assessoria informou que o ministro não se pronunciará sobre o assunto. Questionado pelo Estado, Occhi também se recusou a falar do assunto, afirmando apenas que se tratava de um “assunto pessoal”.