Folha de Londrina

Caminhonei­ros deixam bloqueios após ação policial e do Exército

Na BR-369, em Londrina, manifestan­tes decidiram em assembleia encerrar a greve; saída foi pacífica

- Carolina Avansini Rafael Fantin Reportagem Local

Operação conjunta entre as polícias Militar e Rodoviária Federal e o Exército liberou ontem bloqueios de caminhonei­ros na região de Londrina. Manifestan­tes foram orientados a deixar pontos de concentraç­ão. Saída dos grevistas foi pacífica. Supremo Tribunal Federal determinou que 96 transporta­doras paguem em até 15 dias autuações somadas em R$ 141,4 milhões. Sob escolta, comboios de carga circularam por rodovias do Estado. Abastecime­nto de combustíve­l no Norte do Paraná ainda está deficitári­o

Operação conjunta entre PRF (Polícia Rodoviária Federal), PM (Polícia Militar) e o Exército Brasileiro liberou pontos de bloqueio de caminhonei­ros na região de Londrina na manhã de quarta-feira (30). O trânsito ficou impedido durante a operação, mas gradativam­ente voltou ao normal, após a retirada de caminhões dos acostament­os. Os manifestan­tes foram orientados a deixar o acostament­o sob risco de serem multados. No bloqueio da BR-369, em frente à Granosul, caminhonei­ros realizaram assembleia e decidiram encerrar a manifestaç­ão logo após a chegada de uma equipe do Exército. Muitos deles mostraram-se emocionado­s com a perspectiv­a de voltar para casa. A saída dos grevistas foi pacífica.

Nos dois pontos de bloqueio da PR-445, próximos aos postos Cupim e Formigão, a Polícia Militar, com apoio da Tropa de Choque, fez a retirada dos caminhões da pista. Durante a operação, muitos caminhonei­ros decidiram encerrar a manifestaç­ão e seguir viagem, mas grande parte preferiu continuar parada. Houve momentos de tensão por causa da presença de pessoas supostamen­te “infiltrada­s” que ofenderam a polícia e também jornalista­s presentes. Representa­ntes dos caminhonei­ros, porém, pediram apoio da PM para encerrar a confusão. Manifestan­tes do posto Cupim informaram que estavam servindo de 300 a 350 refeições no almoço e na janta, indicando o número de pessoas que permanecer­iam paradas no local.

DIÁLOGO

Segundo o inspetor chefe da PRF na região de Londrina, Marcos Pierre, os veículos de carga foram liberados e a desocupaçã­o das rodovias ocorreu de forma pacífica. “Muitos estavam ansiosos para continuar viagem, mas afirmavam que não tinha segurança para deixar os locais. Os caminhonei­ros que quiserem seguir na manifestaç­ão podem optar por isso, mas não devem bloquear a pista e os veículos de cargas”, afirmou.

A PRF pode até multar os caminhonei­ros, mas Pierre ressalta que a medida não foi utilizada e a saída das rodovias federais ocorreu por meio do diálogo. O inspetorch­efe da PRF revelou que há três dias o setor de inteligênc­ia monitora a presença de grupos infiltrado­s no movimento dos caminhonei­ros, o que teria aumentado a radicaliza­ção dos protestos com atos de violência e o bloqueio de cargas essenciais, como remédios, animais, ração e de gás de cozinha.

“Na noite desta terça-feira (29) houve um bloqueio total na avenida Brasília em Londrina (trecho urbano da BR-369) na saída para Ibiporã. Os suspeitos atearam fogo no local e não permitiram a passagem de ninguém”, lembrou.

Conforme a Agência Brasil, aproximada­mente 250 caminhões foram liberados para seguir viagem na BR277, altura do quilômetro 584 no município de Cascavel, no Oeste do Paraná. De acordo com os policiais, a ação foi feita depois que alguns motoristas relataram que estavam sob coação no local.

‘PATRIOTAS’

O motorista Fábio de Rosa foi orientado pelo patrão a deixar o bloqueio na PR-445 e seguir viagem assim que a polícia liberou a passagem, mas não conseguiu. “Sai daqui e fui barrado pela própria PM, que me orientou a entrar por Cambé, mas minha carreta é grande e não consegui. Por isso tive que voltar para o posto Cupim”, relatou ele, que esperava informaçõe­s da polícia para tentar novamente seguir viagem. “Estamos com ordem da polícia para sair, mas não temos como seguir viagem por causa de confrontos. O que a gente precisa é de informaçõe­s”, disse.

Já o caminhonei­ro Pedro Eloir disse que não iria sair do bloqueio no Cupinzão e reclamou de falta de diálogo com a polícia. “Estão nos ameaçando com multas, esperava que todos fossem mais patriotas. Se eu não parar aqui, paro em outro lugar. Ninguém vai me obrigar a trabalhar para esse governo corrupto, queremos que esse governo caia”, pediu.

Outro trabalhado­r parado no mesmo bloqueio, José Vilson, disse que saiu de casa em um dia “para voltar no outro” e aguardava ansiosamen­te o fim do bloqueio para finalmente seguir viagem. “Fiquei aqui para não criar confusão, mas não vejo a hora de ir para casa. Só espero informaçõe­s mais concretas da polícia para não parar de novo mais à frente”, afirmou.

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Fotos: Gina Mardones Em dois pontos de bloqueio da PR-445, a Polícia Militar, com apoio da Tropa de Choque, retirou caminhões da pista
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Negociação teve momentos de tensão

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