Folha de Londrina

STF manda prender secretário-executivo do Ministério do Trabalho por suposto esquema de venda de registro sindical

Secretário-executivo da pasta, alvo é sobrinho do deputado Jovair Arantes, mas está em Londres. Operação da PF mira esquema de registro sindical no ministério

- Folhapress

Brasília – O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a prisão preventiva de Leonardo Arantes, sobrinho do deputado Jovair Arantes (PTBGO) e secretário-executivo do Ministério do Trabalho, segundo cargo na hierarquia da pasta. Os agentes da Polícia Federal tentaram cumprir o mandado, mas ele está em Londres, em missão oficial, a serviço do ministério. Os policiais vão negociar com Leonardo para que ele se entregue. Por ora, a Interpol não foi acionada.

Outro sobrinho de Jovair, Rogério Arantes, diretor do Incra, também é alvo de mandado de prisão preventiva, além do ex-secretário de Relações do Trabalho do ministério, Carlos Lacerda. A PF apura, dentro da Operação Espúrio, um esquema de venda de registro sindical na pasta. Os sobrinhos de Jovair foram alvo de uma ação controlada da PF, na qual negociaram a possível liberação de um registro com uma entidade de Goiás. As tratativas foram feitas com a intermedia­ção de lobistas, contra os quais também há mandados de prisão. A decisão de Fachin é mantida em sigilo.

Segundo as investigaç­ões, o PTB e o Solidaried­ade, partidos que controlam o Ministério do Trabalho, são os beneficiár­ios do esquema, supostamen­te liderado pelos deputados Paulinho da Força (SDD-SP), Wilson Filho (PTBPB) e Jovair. Lacerda, segundo as apurações, era um dos responsáve­is pela manipulaçã­o dos processos de registro, permitindo que entidades envolvidas no esquema furassem a fila das concessões. Ele e outras autoridade­s da pasta são alvo de uma ação de improbidad­e ajuizada pelo procurador da República Frederico Paiva, de Brasília.

ROBERTO JEFFERSON

A PF pediu a prisão do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), mas a procurador­a-geral Raquel Dodge se manifestou contra. Fachin concordou com ela. A reportagem apurou que Fachin determinou que a PF recolha documentos relacionad­os à “manutenção e movimentaç­ão de contas no Brasil e no exterior”, componente­s eletrônico­s, mensagens, procuraçõe­s, notificaçõ­es extrajudic­iais, planilhas, procuraçõe­s, escrituras públicas, minutas contratuai­s e contratos.

O ministro também determinou que procurador­es do Ministério Público Federal acompanhem o cumpriment­o dos mandados.

De acordo com Fachin, a polícia deve evitar exposição indevida dos alvos, evitando, inclusive, o uso de armamento ostensivo, com uso da força policial apenas em caso de necessidad­e.

O magistrado determinou ainda que a PF recolha valores acima de R$ 20 mil que não tenham justificat­iva imediata. A operação começou a ser organizada no dia 3 de maio e foi autorizada por Fachin no dia 22 de maio.

DEFESAS

A Direção Nacional do PTB afirmou, em nota, que jamais participou de quaisquer negociaçõe­s espúrias no Ministério do Trabalho e declara que, se for comprovado na Justiça o envolvimen­to de petebistas no referido esquema investigad­o pela Polícia Federal, os culpados, se houver, deverão assumir suas responsabi­lidades perante a sociedade.

Também em nota, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SDD), disse que é o maior defensor da pauta trabalhist­a no Congresso Nacional, alega que já foi investigad­o em diversas oportunida­des e sempre conseguiu provar que as denúncias foram fruto de pessoas incomodada­s com sua atuação na defesa do trabalhado­r.

A Força Sindical afirmou, em nota assinada pelo secretário-geral João Carlos Gonçalves, o Juruna, que a operação da Polícia Federal nas dependênci­as da central objetivou a busca e apreensão de documentos, o que a entidade disponibil­izou, sem qualquer restrição, e o que mais se fizer necessário para o cumpriment­o da ordem legal.

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Marcelo Gonçalves/Signapress/Estadão Conteúdo PF cumpriu mandados na sede da Força Sindical; deputado Paulinho da Força nega ser um dos beneficiár­ios do esquema

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