IMPACTO NO BOLSO
Tarifa entrará em vigor na sexta-feira e aumento será de 4,03%; cálculos foram feitos considerando o período de maio de 2017 a abril de 2018
Passageiros do transporte metropolitano e intermunicipal passarão a pagar mais para andar de ônibus a partir de amanhã. Reajuste da tarifa varia de 4,03% a 5,09%, valor superior à inflação registrada no período de maio de 2017 a abril de 2018. Usuários da região de Londrina criticaram aumento
ODER/PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná) autorizou o reajuste anual das passagens de ônibus de mais de 700 linhas de transporte rodoviário intermunicipal e metropolitano, que entrará em vigor na sexta-feira (1). Os índices de reajuste levam em conta as altas nos preços de chassi, carroceria de veículos e pneus, e também contemplam aumentos salariais previstos na convenção trabalhista da categoria. Os cálculos foram feitos considerando o período de maio de 2017 a abril de 2018.
O aumento, aprovado pela Agepar (Agência Reguladora de Serviços do Paraná), será de 4,03% para o transporte coletivo das regiões metropolitanas, com exceção de Curitiba, e de 5,09% para o transporte intermunicipal. O reajuste será acima da inflação no período. O valor acumulado da inflação nos últimos 12 meses medido pelo IGPM, da Fundação Getúlio Vargas, foi de 1,89%. Já a inflação medida nos últimos 12 meses pelo IPCA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 2,76%.
Nos ônibus da empresa TIL – Transportes Coletivos S.A. já foram afixados cartazes comunicando o aumento da tarifa. Para quem paga R$ 3,75 atualmente passará a desembolsar R$ 3,90. Esse reajuste valerá para todas as linhas da empresa: Ana Eliza (Via Cacique); Jd. Ana Eliza; Jd. Ana Rosa; Jd. Santo Amaro; Jd. Silvino; Jd. Tarobá; Jd. Tupy; Shopping Catuaí; Terminal de Cambé; Terminal de Ibiporã. Procurada pela reportagem, a diretoria da empresa se limitou a dizer que o reajuste foi autorizado pelo DER.
A diretoria da Viação Garcia e Brasil Sul foi procurada e informou que os valores da nova tarifa serão divulgados nos sites das empresas.
O DER é responsável pelas linhas metropolitanas do Interior, sendo que as da Região Metropolitana de Curitiba estão sob responsabilidade da Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba). De acordo com o DER, há variações no reajuste para cima ou para baixo, conforme o arredondamento da tarifa, que pode oscilar cinco centavos para facilitar o troco.
ABSURDO
A operadora de telemarketing Andréa Alves declara que o reajuste é um absurdo. “Eu moro em Cambé e isso vai impactar na renda do trabalhador que pega ônibus todos os dias. Eu recebo valetransporte, mas não utilizo o transporte só para trabalhar. Eu uso para outras coisas e isso acaba afetando o orçamento no fim do mês. O dinheiro que seria gasto com outras coisas acabo utilizando para complementar o valor da passagem”, apontou.
A merendeira aposentada Iracema Abel viu o cartaz anunciando o aumento no momento em que a reportagem a abordou. “Acho o reajuste alto, mas diante do que aconteceu recentemente, com a paralisação dos caminhoneiros, em que o povo não quis esperar o desfecho, agora é aguentar a ‘borrachada’”, apontou. Ela mora em Cambé, mas utiliza muitos serviços em Londrina. “Venho aqui para pagar contas, para ir ao médico, fazer exames. Prefiro vir para cá.”
O vendedor Robson Rodrigo Aderijo Luiz reside em Apucarana (CentroNorte) e gasta R$ 20 para ir e voltar no trajeto até Londrina. “Achei o reajuste meio salgado, mas para a população se locomover tem que pagar. Eu raramente venho para cá, mas quem usa direto vai ver esse reajuste ficar salgado no fim do mês. Quem recebe valetransporte sofre menos, mas quem paga a tarifa integral do próprio bolso vai sentir mais”, observou.
A gerente de restaurante Elisângela Aparecida Jerônimo criticou a apatia dos brasileiros diante de tantos reajustes. “O povo não liga, não tem atitude. Enquanto não tiver atitude, não vai mudar a realidade. O governo aumenta e ninguém fala nada. Os motoristas tentaram, mas o povo não ligou”, apontou.
O povo não tem atitude; o governo aumenta e ninguém fala nada”