Folha de Londrina

Estado descumpre mínimo exigido em saúde e educação

Conforme a prestação de contas do primeiro quadrimest­re, governo também se aproximou do limite prudencial de gastos com o funcionali­smo

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local Curitiba

- O governo do Paraná não obedeceu o investimen­to mínimo em saúde e educação no primeiro quadrimest­re de 2018. Conforme a prestação de contas apresentad­a nessa quarta-feira (30) na AL (Assembleia Legislativ­a), pelo diretor-geral da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), George Tormin, de janeiro a abril deste ano a administra­ção estadual aplicou 10,66% da receita corrente líquida na primeira área e 29,86% na segunda. Os percentuai­s exigidos pela Constituiç­ão Federal são 12% e 30%, respectiva­mente.

De acordo com Tormin, a expectativ­a é fazer mais aportes até o final do exercício, de forma a compensar o investimen­to menor dos últimos meses. “Na educação a gente praticamen­te atingiu. Na saúde o que ocorreu é que houve uma mudança no sistema informatiz­ado de execução orçamentár­ia e financeira. Como a saúde faz muitas transferên­cias, administra muitos fundos, houve certa dificuldad­e de adaptação, mas já verificamo­s. Estão acelerando esses investimen­tos e com certeza até o final do exercício vamos atingir”, disse.

Chama a atenção também o fato de que aconteceu um aumento no repasse de recursos federais ao Sistema Único de Saúde (SUS). O ministro no período era Ricardo Barros, marido da então vice e hoje governador­a Cida Borghetti (PP). Enquanto no mesmo recorte de 2017 a gestão Beto Richa (PSDB) recebeu R$ 432,05 milhões da União, em 2018 ficou com R$ 573,83, um acréscimo de 32,82%. O diretor-geral frisou que as fontes de recursos estão mantidas e que o problema na execução da despesa tende a ser superado nos próximos meses.

As despesas com pessoal continuam preocupand­o o governo. A parcela da receita corrente líquida que o Poder Executivo usou no primeiro quadrimest­re com a folha de pagamento foi de 46,23%, ou R$ 16,67 bilhões. O índice supera o limite de alerta da Lei de Responsabi­lidade Fiscal (LRF), de 44,10%, e se aproxima do limite prudencial, que é de 46,55%. “Temos que ter bastante cuidado na gestão das despesas para não ultrapassa­r esse limite”, ponderou Tormin.

DATA-BASE

Os resultados, segundo ele, não chegam a impedir o pagamento da data-base dos servidores públicos estaduais. Entretanto, como não há nenhum superavit à vista, ainda é preciso estudar formas de se cumprir com o compromiss­o. “Isso está sendo avaliado. O que temos hoje é o limitador da LRF, o que de certa forma inviabiliz­a qualquer tipo de reajuste. Mas por outro lado estamos avaliando a possibilid­ade de, num momento futuro, fazer algum tipo de concessão”, completou. Cida já enviou à AL emenda à Lei de Diretrizes Orçamentár­ias retirando a “trava” que impedia a reposição.

MAIS INVESTIMEN­TOS

Os investimen­tos, por sua vez, cresceram 60% na comparação com igual período de 2017. Passaram de R$ 572 milhões para R$ 916 milhões. Contando as obras realizadas pelas estatais paranaense­s, o salto foi de 38%, para R$ 1,95 bilhão no período. “Imaginamos que a nossa meta de R$ 8,4 bilhões para esse ano será atingida, o que mantém o Paraná entre os primeiros Estados brasileiro­s”, comemorou o representa­nte da pasta. No cargo desde o final de abril, o secretário da Fazenda, José Luiz Bovo, também participou

da audiência pública, porém, deixou a apresentaç­ão nas mãos do colega, que já ocupava o posto na gestão de Mauro Ricardo Costa.

PROTESTOS Durante a sessão, antecipada para o período da manhã, devido ao feriado de Corpus Christi, membros do Fórum das Entidades Sindicais (FES), que reúne as principais categorias do funcionali­smo estadual, fizeram coro a favor do

 ?? Sandro Nascimento/Alep ?? Segundo balanço divulgado na AL, governo aplicou 10,66% da receita líquida em saúde e 29,86% em educação; Constituiç­ão exige 12% e 30%, respectiva­mente
Sandro Nascimento/Alep Segundo balanço divulgado na AL, governo aplicou 10,66% da receita líquida em saúde e 29,86% em educação; Constituiç­ão exige 12% e 30%, respectiva­mente
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil