Revendas de gás trabalham ‘a conta-gotas’
Como acontece nos postos de combustíveis de Londrina, com filas enormes para abastecer os veículos, os consumidores estão com extrema dificuldade para adquirir gás liquefeito de petróleo (GLP) – ou gás de cozinha – nas 130 revendas da cidade. Apesar de comboio de caminhões enviados na terça-feira (29) para Araucária com o intuito de trazer a matéria-prima para envase nas três empresas alocadas no pool de combustíveis, donos de revendas confirmaram à reportagem da FOLHA que o recebimento do produto acontece a conta-gotas e os clientes têm ficado na mão. Vale dizer que a venda é limitada a um botijão por consumidor.
Sandra Ruiz é presidente do Sinegás (Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquefeito de Petróleo), que representa revendedores e distribuidores de GLP no Paraná. Ela disse que o bloqueio mais crítico, na região de Arapongas, foi dissipado, mas que as três distribuidoras alocadas no pool(Supergasbras, Liquigás e Ultragaz) ainda recebem o produto de forma bem limitada. O gás em Londrina zerou na quintafeira (24) pela manhã. “Hoje muitas revendas ainda não estarão abastecidas. Situação completamente reestabelecida, acredito, que apenas em um mês. Pedimos cautela para a população, porque o produto é pouco. Os revendedores ficam até com receio de falar que têm botijão. Estamos atendendo prioridades, como asilos, creches, hospitais, porque há pouco gás em Londrina.”
A representante da categoria relatou ainda que existiam por volta de 50 caminhões carregados de empresas filiadas ao Sinegás, que estavam parados em bloqueios, e outros incontáveis veículos com botijões vazios. “Muitos caminhões já chegaram nas três distribuidoras que temos em Londrina. Até ontem [terça], as revendas estavam completamente zeradas.”
PREJUÍZO
Telefone sem parar um minuto e produto ainda praticamente zerado para atender o consumidor do outro lado da linha. Esse é o cenário das revendas de GLP em Londrina, que começam a receber o produto aos poucos. Os proprietários contabilizam os prejuízos.
Flávio Jaqueta, proprietário da revenda Jaqueta Gás, da Supergasbras, tinha a informação da distribuidora que os caminhões seriam abastecidos na manhã desta quarta (30) em Araucária, retornando para Londrina com escolta policial. “Recebi ontem 240 botijões que só vendi no local e durou em torno de quatro horas. Já amanhã [hoje] minha expectativa é receber entre 460 e 500 botijões”. A revenda, que é aberta de domingo a domingo, ficou completamente desabastecida na terça-feira (22) às 18 horas e assim permaneceu até na segunda (28).
Jaqueta relatou que comercializa em torno de 250 a 300 botijões por dia e seu prejuízo durante a greve dos caminhoneiros gira em torno de R$ 100 mil. “O mercado vai se recuperar bem nos próximos dois dias e depois vai se normalizando. Como atualmente lutamos muito contra os vendedores clandestinos, vou demorar em torno mais de um ano para recuperar esse prejuízo.”
Cleide Mendes Zanatta, proprietária da Catuaí Comércio de Gás, também da Supergasbras, ficou de quarta passada até terça (29) sem nenhum produto. Na manhã desta quarta (30), recebeu 56 botijões de gás de cozinha, dez para empilhadeiras (P20) e 15 para condomínios (P45). “O número é bem pequeno e o recebimento é uma caixa de surpresas. Ainda não contabilizei os prejuízos, porque estou com a cabeça bem quente”.
Zanatta relata que comercializa em torno de 340 unidades dos diferentes produtos diariamente. “É um momento que tudo fica muito nebuloso e nem com a distribuidora conseguimos saber ao certo se o produto irá chegar. ”