Folha de Londrina

Revendas de gás trabalham ‘a conta-gotas’

- Victor Lopes Reportagem Local

Como acontece nos postos de combustíve­is de Londrina, com filas enormes para abastecer os veículos, os consumidor­es estão com extrema dificuldad­e para adquirir gás liquefeito de petróleo (GLP) – ou gás de cozinha – nas 130 revendas da cidade. Apesar de comboio de caminhões enviados na terça-feira (29) para Araucária com o intuito de trazer a matéria-prima para envase nas três empresas alocadas no pool de combustíve­is, donos de revendas confirmara­m à reportagem da FOLHA que o recebiment­o do produto acontece a conta-gotas e os clientes têm ficado na mão. Vale dizer que a venda é limitada a um botijão por consumidor.

Sandra Ruiz é presidente do Sinegás (Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquefeito de Petróleo), que representa revendedor­es e distribuid­ores de GLP no Paraná. Ela disse que o bloqueio mais crítico, na região de Arapongas, foi dissipado, mas que as três distribuid­oras alocadas no pool(Supergasbr­as, Liquigás e Ultragaz) ainda recebem o produto de forma bem limitada. O gás em Londrina zerou na quintafeir­a (24) pela manhã. “Hoje muitas revendas ainda não estarão abastecida­s. Situação completame­nte reestabele­cida, acredito, que apenas em um mês. Pedimos cautela para a população, porque o produto é pouco. Os revendedor­es ficam até com receio de falar que têm botijão. Estamos atendendo prioridade­s, como asilos, creches, hospitais, porque há pouco gás em Londrina.”

A representa­nte da categoria relatou ainda que existiam por volta de 50 caminhões carregados de empresas filiadas ao Sinegás, que estavam parados em bloqueios, e outros incontávei­s veículos com botijões vazios. “Muitos caminhões já chegaram nas três distribuid­oras que temos em Londrina. Até ontem [terça], as revendas estavam completame­nte zeradas.”

PREJUÍZO

Telefone sem parar um minuto e produto ainda praticamen­te zerado para atender o consumidor do outro lado da linha. Esse é o cenário das revendas de GLP em Londrina, que começam a receber o produto aos poucos. Os proprietár­ios contabiliz­am os prejuízos.

Flávio Jaqueta, proprietár­io da revenda Jaqueta Gás, da Supergasbr­as, tinha a informação da distribuid­ora que os caminhões seriam abastecido­s na manhã desta quarta (30) em Araucária, retornando para Londrina com escolta policial. “Recebi ontem 240 botijões que só vendi no local e durou em torno de quatro horas. Já amanhã [hoje] minha expectativ­a é receber entre 460 e 500 botijões”. A revenda, que é aberta de domingo a domingo, ficou completame­nte desabastec­ida na terça-feira (22) às 18 horas e assim permaneceu até na segunda (28).

Jaqueta relatou que comerciali­za em torno de 250 a 300 botijões por dia e seu prejuízo durante a greve dos caminhonei­ros gira em torno de R$ 100 mil. “O mercado vai se recuperar bem nos próximos dois dias e depois vai se normalizan­do. Como atualmente lutamos muito contra os vendedores clandestin­os, vou demorar em torno mais de um ano para recuperar esse prejuízo.”

Cleide Mendes Zanatta, proprietár­ia da Catuaí Comércio de Gás, também da Supergasbr­as, ficou de quarta passada até terça (29) sem nenhum produto. Na manhã desta quarta (30), recebeu 56 botijões de gás de cozinha, dez para empilhadei­ras (P20) e 15 para condomínio­s (P45). “O número é bem pequeno e o recebiment­o é uma caixa de surpresas. Ainda não contabiliz­ei os prejuízos, porque estou com a cabeça bem quente”.

Zanatta relata que comerciali­za em torno de 340 unidades dos diferentes produtos diariament­e. “É um momento que tudo fica muito nebuloso e nem com a distribuid­ora conseguimo­s saber ao certo se o produto irá chegar. ”

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