Mulheres brilham na 30a edição do Prêmio Molière
Paris
- A fundadora do Théâtre du Soleil, Ariane Mnouchkine, foi a grande vencedora da 30ª edição do Prêmio Molière, o mais tradicional do teatro da França. Encerrada já na madrugada desta terça-feira, 29, a cerimônia também foi marcada pela reconciliação - ao menos temporária - entre produtores culturais e salas de espetáculos públicas e privadas, abrindo aquela que promete ser uma nova etapa na história da premiação.
A solenidade de entrega dos prêmios foi realizada na Salle Pleyel, uma das mais tradicionais de Paris. Ariane recebeu dois prêmios Molière, os de melhor direção e de melhor espetáculo de teatro público, por “Une Chambre en Inde” (Um quarto na Índia, na tradução livre), que já havia sido considerado um dos favoritos na edição de 2017, sendo preterida pelos jurados.
Tida como uma das favoritas da noite, com seis indicações, a peça “Le Fils” (O Filho), de Ladislas Chollat e protagonizada por Yvan Attal, acabou levando apenas uma premiação - a de melhor revelação masculina, para Rod Paradot. O vencedor na categoria teatro privado acabou sendo “Adieu Monsieur Haffman” (Adeus Senhor Haffman), de JeanPhilippe Daguerre. A peça, que não conta com nenhum ator renomado da cena francesa, vinha fazendo sucesso desde sua apresentação, em 2017, no Festival Off de Avignon. A peça conta a história de um dono de joalheria judeu durante o período da ocupação nazista da França na 2ª Guerra Mundial. Além do prêmio principal, recebeu prêmio de melhor ator francês, para Jean-Philippe Daguerre, melhor revelação feminina, para Julie Cavanna, e melhor atriz coadjuvante, para Franck Desmedt.
Entre as 19 categorias do Molière, Stéphan Druet levou o prêmio de melhor espetáculo musical, por “Histoire du Soldat” (História do Soldado), de Ramuz et Stravinsky, e Blanche Gardin venceu o de melhor espetáculo de humor, por “Je Parle Toute Seule” (Eu falo sozinha), dirigido por Maïa Sandoz. A nota curiosa e engraçada da noite foi Blanche Gardin, sempre brilhante no stand-up comedy, entregando o prêmio a si mesma.
“O Molière teve duas coisas importantes: o fato de ser o 30º ano do prêmio e marcar a união do teatro público e privado na França”, explica Francisco Britto, produtor cultural brasileiro que esteve presente à cerimônia. “Foram eleitas as melhores peças do público e do privado, e o presidente enalteceu muito isso, porque existe uma certa rixa.”
Saudade de quando seus olhos tocavam os meus e eu não sabia o que era solidão”