Folha de Londrina

Papa pede diálogo na Nicarágua

O pedido foi motivado pelos novos confrontos ocorridos no sábado (2), que deixaram mais seis mortos, em uma série de protestos iniciada em 18 de abril

- France Presse

São Paulo - Vestidos com roupas camufladas, muitos militantes aproveitar­am a Parada do Orgulho LGBT para ironizar os pedidos recentes de intervençã­o militar disseminad­os durante a paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

“É hora de intervençã­o do amor, ainda mais neste momento conturbado”, disse o Cidade do Vaticano - de uma intervençã­o. “A polícia já não consegue controlar as coisas, talvez o exército consiga”.

O papa Francisco pediu diálogo na Nicarágua depois que novos confrontos entre manifestan­tes e forças de ordem deixaram mais seis mortos nas últimas 24 horas, em uma série de protestos iniciada em 18 de abril.

A Igreja tem tentado mediar a crescente crise no país centro-americano, mas cancelou as negociaçõe­s de paz com o governo do presidente Daniel Ortega na semana passada, depois que a repressão a protesto liderado pelas mães de vítimas resultou em pelo menos 16 mortos. A violência voltou a assustar no sábado, quando manifestan­tes dispararam morteiros caseiros para defender-se da repressão policial na cidade de Masaya, perto da capital, Manágua.

Os novos distúrbios dei- xaram ao menos seis mortos, incluindo um cidadão americano que, segundo informes, foi assassinad­o por um grupo de simpatizan­tes do governo em um incidente separado em Manágua.

“Eu me uno a meus irmãos bispos da Nicarágua e a sua dor pelas violências cometidas por grupos armados”, afirmou o Papa na oração do Angelus na praça de São Pedro, no Vaticano. “A Igreja continua sendo favorável ao diálogo, mas para isso pede o compromiss­o efetivo de respeitar a liberdade e, antes que mais nada, a vida”, afirmou o sumo pontífice.

A Conferênci­a Episcopal da Nicarágua cancelou sua tentativa de mediar o conflito após a dura repressão da manifestaç­ão de quartafeir­a passada (30), alegando que o diálogo era impossível enquanto “o povo continuar sendo reprimido e assassinad­o” por “grupos próximos ao governo”. A Igreja Católica se viu cada vez mais envolvida no conflito.

No sábado, Silvio José Báez, bispo auxiliar de Manágua, advertiu os residentes de Masaya que permaneces­sem em casa após notícias de que franco-atiradores pró-governo disparavam contra pessoas na rua. Uma igreja no centro de Masaya abriu suas portas para oferecer refúgio e atenção médica a 21 moradores que haviam sido detidos e, segundo informes, sofrido maus tratos pela polícia.

CARDEAL EMÉRITO

Ortega, o homem que tem dominado a política nicaraguen­se nas últimas quatro décadas, tem sido visto recentemen­te como próximo da Igreja. Um de seus aliados-chave, o cardeal emérito Miguel Obando, morreu neste domingo aos 92 anos, anunciou a Igreja. Obando e Ortega tinham uma relação de amor e ódio que se remonta à década de 1970. Assim como o presidente, Obando foi um forte crítico do ditador Anastasio Somoza, derrotado pela guerrilha sandinista de Ortega em 1979.

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