Folha de Londrina

Copa sem entusiasmo

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Aseleção brasileira fez o primeiro dos seus dois últimos amistosos de preparação para a Copa do Mundo da Rússia neste domingo (3) e venceu a Croácia em Liverpool, na Inglaterra, por 2 a 0. No próximo domingo (10), faz o teste derradeiro, diante da Áustria, em Viena, antes da estreia no Mundial, contra a Suíça, no dia 17.

A Copa do Mundo é o grande evento esportivo do coração dos brasileiro­s, mais até do que os Jogos Olímpicos – porque no futebol, ao contrário da maioria dos outros esportes, não somos coadjuvant­es. A atenção e o respeito que nossa seleção despertam nos trazem a sensação de protagonis­mo no grande jogo das nações.

Entretanto, ao contrário de outras edições, o espírito de Copa ainda não pegou por aqui. A dez dias da abertura do Mundial da Rússia e a menos de duas semanas da estreia brasileira, a mobilizaçã­o ainda é tímida. Há muros pintados aqui, uma bandeira pendurada acolá, mas nada muito ostensivo.

É claro que não é possível comparar com a agitação de 2014 porque naquele ano, além da paixão histórica do Brasil pela Copa, havia o ingredient­e extra de sermos o país-sede. Ainda assim, o silêncio de 2018 causa estranhame­nto.

Na semana passada, houve quem atribuísse a demora para a empolgação engrenar à greve dos caminhonei­ros. Nesse caso, seria o prolongame­nto de uma insatisfaç­ão que o brasileiro já sente há alguns anos, com uma crise política e econômica sem precedente­s. É difícil sentir orgulho do próprio país diante de tantos personagen­s da nossa vida pública metidos em escândalos e diante das dificuldad­es que muitos ainda têm de conseguir um emprego e/ou manter o padrão de vida de anos anteriores.

O futebol em si também contribuiu para esse desencanta­mento. A ferida do 7 a 1 ainda não cicatrizou, embora a seleção tenha reagido após a chegada do técnico Tite e chegue à Rússia novamente na condição de favorita. Outro fator de desgaste é que a Copa de 2014, que tanto orgulho nos proporcion­ou por ter sido realizada sem grandes deslizes, apresentou uma conta cara: as obras de dez dos 12 estádios do Mundial tiveram indícios de irregulari­dades, como superfatur­amento, pagamento de propina a agentes públicos e outros desvios.

O amor do brasileiro pelo futebol deve proporcion­ar uma reação e o entusiasmo pela Copa provavelme­nte vai crescer nos próximos dias, principalm­ente se o time de Neymar e companhia correspond­er à expectativ­a na busca pelo sexto título. Mas, se essa frieza permanecer, ficará a dúvida: será definitiva?

A dez dias da abertura do Mundial da Rússia, a mobilizaçã­o no País ainda é tímida

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