Muito esforço por nada: estamos piores que antes
Acredito que muitos, como eu, já estão enfastiados com o bombardeio de informações que envolveu a paralisação dos caminhoneiros. Mas é preciso ainda, uma análise dos resultados que possa nos ajudar quanto ao futuro posicionamento de cada um, em manifestações de mesma natureza.
Somos passionais ...
A indignação com os rumos que nosso País adotou nos últimos anos, tem nos levado a um comportamento impulsivo, onde clamamos por mudanças que são reivindicações legítimas, sem dúvida.
... mas precisamos de mais racionalidade
Mas, no mais das vezes, essa impetuosidade e vontade de fazer a diferença, acaba sendo direcionada no sentido contrário ao do objetivo pretendido.
Não acalentemos ilusões...
Governo e sociedade são partes de um mesmo todo, e o governo não tem varinha de condão que possa fazê-lo tirar dinheiro de onde não tem. O orçamento está dado e a Lei de Responsabilidade Fiscal está aí para garantir que este orçamento seja cumprido.
... essa conta é nossa...
Cabe ao governo, ou aumentar a arrecadação via impostos e/ou remanejar os recursos orçamentários para atender a demandas mais prementes. É a velha história do cobertor curto.
... e vamos pagá-la.
Para atender à reivindicação dos caminhoneiros, o governo precisou reonerar a folha de pagamentos de uma série de setores, e tirar dinheiro de outros programas, inclusive assistenciais, para dar conta de cumprir com o acordado com o movimento.
A origem desta conta ...
Além de passional temos memória curta e tremenda capacidade de dissociar causas e consequências.
... é a corrupção e a má gestão.
A Petrobras, pivô, de toda esta manifestação em função da política de recuperação da empresa imposta por Pedro Parente, foi dilapidada em pelo menos R$ 88 bilhões pela corrupção e outros R$ 180 bilhões em função da má gestão.
Memória curta...
Mas como a conta não foi cobrada no exato momento em que ocorria a dilapidação do patrimônio da empresa, nos esquecemos que, uma hora ou outra, ela chegaria.
... nos leva a matar o mensageiro.
O que Pedro Parente fez foi apresentar a conta para a sociedade e buscar recuperar a empresa respeitando os custos inerentes ao beneficiamento de combustíveis.
O resultado...
A sociedade vai financiar o subsídio ao diesel por meio de aumento de impostos, corte nos investimentos e redução em programas assistenciais, de saúde e educação.
... mostra que não tem milagre...
Lembre-se: todas as nossas demandas e reivindicações serão custeadas pela mesma sociedade que as cobra.
... mas teve custos.
Projeções preliminares apontam que a paralisação dos caminhoneiros redundou em perdas de mais de R$ 75 bilhões. Em uma economia que já vinha cambaleante, representará redução da capacidade de investimentos e consequente aumento do desemprego.
E se o resultado não nos agradou...
Como lição fica que temos que encontrar formas mais efetivas de canalizar nossa indignação e nossa capacidade de mobilização para que os resultados não sejam uma ‘vitória de Pirro’.