Câncer melanoma: incomum e agressivo
O tipo mais grave de tumor de pele deve acometer mais de seis mil brasileiros em dois anos
Tipo mais grave de câncer de pele, o melanoma deverá acometer mais de seis mil brasileiros entre 2018 e 2019, estima o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Ela representa 3% dos cânceres malignos de pele, sendo que por ano são diagnosticados pelo menos 200 mil novos casos da doença em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. “Ele nasce na pele e acontece porque as células que produzem a melanina começam a se reproduzir quando há um erro e na região que isso ocorre se forma o câncer”, explica Elimar Gomes, dermatologista especialista em melanoma.
O médico esclarece que o câncer melanoma tem a característica de começar na pele parecido com uma pinta. “Se não cuidar, ele vai aprofundando e atinge outros órgãos, como pulmão, cérebro, além de axila e virilha”, alerta. Existem quatro tipos principais de melanoma. Todos têm ligação com a exposição excessiva à radiação ultravioleta do sol, queimando a pele. Combinação de fatores ambientais e genéticos também interferem.
Pintas que mudam de formato e sangram são alguns dos sinais do tumor. “É a regra ‘ABCDE’. Assimetria, se um lado é diferente do outro; bordas, que são irregulares; cores, quanto mais cores diferentes a pinta maior a chance de ter melanoma; diâmetro, deve começar a suspeitar quando a pinta tem mais de 0,5 centímetro; e evolução, quando começa a mudar de repente”, elenca o especialista. “A pessoa precisa se autoexaminar e olhar para a pinta analisando estes cinco critérios”, indica Gomes, que é membro do Comitê Científico do Instituto Melanoma Brasil e colaborador da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Pesquisa realizada pela indústria farmacêutica americana Bristol-Myers Squibb mostrou que 78% dos entrevistados no Brasil desconhecem o que é o melanoma. Dos dois mil entrevistados em 152 municípios do País, 89% afirmaram nunca terem falado com o médico sobre a doença. Na região Sul, o risco de incidência da doença é de 5,71 homens a cada 100 mil habitantes, e 4,74 mulheres. Cerca de 20% atribuem o desenvolvimento da melanoma as diferentes etnias. “Quanto mais pintas pelo corpo, maior risco de desenvolver. Quanto mais clara a pele também, pois tem mais risco de queimadura solar. Porém, negros e asiáticos podem ser diagnosticados. Não tem ver com etnia”, adverte.
TRATAMENTO
O tratamento pode ser realizado de várias formas e depende do estágio do tumor. “Existe a terapia alvo molecular, em que o paciente toma comprimidos que tem a capacidade de atuar em determinadas mutações do melanoma, inibindo sua progressão e/ou causando sua regressão. Outro é a imunoterapia, que consiste em medicações endovenosas que fazem com que o próprio sistema imune do paciente passe a atacar as células tumorais causando o controle da doença. Ainda existem os tratamentos convencionais como a cirurgia, quimioterapia e a radioterapia”, pontua Vitor Teixeira Liutti, médico oncologista clínico do Hospital do Câncer de Londrina.
No caso do tratamento por meio da terapia alvo molecular, para ser elegível a esta intervenção o paciente precisa ser portador de uma mutação específica no tumor, que é pesquisado em exame realizado na amostra coletada na biópsia. “Comparado com os dois tipos de câncer de pele mais frequentes na população (carcinoma basocelular e carcinoma de células escamosas), o melanoma apresenta uma alta taxa de disseminação para outros órgãos, que pode comprometer o estado geral do paciente e levar ao óbito em casos avançados. O melanoma é responsável por aproximadamente 75% das mortes por câncer de pele”, exemplifica Liutti.
Pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) diagnosticado com o melanoma contam com tratamento restrito em relação a rede particular. No sistema público, os mediParatleta camentos não são aprovados e o tratamento é pela quimioterapia.
PREVENÇÃO
Os especialistas ressaltam que o câncer melanoma pode ser prevenido, principalmente evitando a exposição exagerada ao sol e usando protetor constantemente. “Quanto mais precoce o melanoma for diagnosticado, menor o risco de disseminação para os gânglios linfáticos e outros órgãos, aumentando as chances de cura desta doença potencialmente fatal”, aconselha o médico do Hospital do Câncer de Londrina.
Quanto mais precoce o melanoma for diagnosticado, menor o risco de disseminação”