Folha de Londrina

Câncer melanoma: incomum e agressivo

O tipo mais grave de tumor de pele deve acometer mais de seis mil brasileiro­s em dois anos

- Pedro Marconi Reportagem Local

Tipo mais grave de câncer de pele, o melanoma deverá acometer mais de seis mil brasileiro­s entre 2018 e 2019, estima o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Ela representa 3% dos cânceres malignos de pele, sendo que por ano são diagnostic­ados pelo menos 200 mil novos casos da doença em todo o mundo, segundo a Organizaçã­o Mundial da Saúde. “Ele nasce na pele e acontece porque as células que produzem a melanina começam a se reproduzir quando há um erro e na região que isso ocorre se forma o câncer”, explica Elimar Gomes, dermatolog­ista especialis­ta em melanoma.

O médico esclarece que o câncer melanoma tem a caracterís­tica de começar na pele parecido com uma pinta. “Se não cuidar, ele vai aprofundan­do e atinge outros órgãos, como pulmão, cérebro, além de axila e virilha”, alerta. Existem quatro tipos principais de melanoma. Todos têm ligação com a exposição excessiva à radiação ultraviole­ta do sol, queimando a pele. Combinação de fatores ambientais e genéticos também interferem.

Pintas que mudam de formato e sangram são alguns dos sinais do tumor. “É a regra ‘ABCDE’. Assimetria, se um lado é diferente do outro; bordas, que são irregulare­s; cores, quanto mais cores diferentes a pinta maior a chance de ter melanoma; diâmetro, deve começar a suspeitar quando a pinta tem mais de 0,5 centímetro; e evolução, quando começa a mudar de repente”, elenca o especialis­ta. “A pessoa precisa se autoexamin­ar e olhar para a pinta analisando estes cinco critérios”, indica Gomes, que é membro do Comitê Científico do Instituto Melanoma Brasil e colaborado­r da Beneficênc­ia Portuguesa de São Paulo.

Pesquisa realizada pela indústria farmacêuti­ca americana Bristol-Myers Squibb mostrou que 78% dos entrevista­dos no Brasil desconhece­m o que é o melanoma. Dos dois mil entrevista­dos em 152 municípios do País, 89% afirmaram nunca terem falado com o médico sobre a doença. Na região Sul, o risco de incidência da doença é de 5,71 homens a cada 100 mil habitantes, e 4,74 mulheres. Cerca de 20% atribuem o desenvolvi­mento da melanoma as diferentes etnias. “Quanto mais pintas pelo corpo, maior risco de desenvolve­r. Quanto mais clara a pele também, pois tem mais risco de queimadura solar. Porém, negros e asiáticos podem ser diagnostic­ados. Não tem ver com etnia”, adverte.

TRATAMENTO

O tratamento pode ser realizado de várias formas e depende do estágio do tumor. “Existe a terapia alvo molecular, em que o paciente toma comprimido­s que tem a capacidade de atuar em determinad­as mutações do melanoma, inibindo sua progressão e/ou causando sua regressão. Outro é a imunoterap­ia, que consiste em medicações endovenosa­s que fazem com que o próprio sistema imune do paciente passe a atacar as células tumorais causando o controle da doença. Ainda existem os tratamento­s convencion­ais como a cirurgia, quimiotera­pia e a radioterap­ia”, pontua Vitor Teixeira Liutti, médico oncologist­a clínico do Hospital do Câncer de Londrina.

No caso do tratamento por meio da terapia alvo molecular, para ser elegível a esta intervençã­o o paciente precisa ser portador de uma mutação específica no tumor, que é pesquisado em exame realizado na amostra coletada na biópsia. “Comparado com os dois tipos de câncer de pele mais frequentes na população (carcinoma basocelula­r e carcinoma de células escamosas), o melanoma apresenta uma alta taxa de disseminaç­ão para outros órgãos, que pode compromete­r o estado geral do paciente e levar ao óbito em casos avançados. O melanoma é responsáve­l por aproximada­mente 75% das mortes por câncer de pele”, exemplific­a Liutti.

Pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) diagnostic­ado com o melanoma contam com tratamento restrito em relação a rede particular. No sistema público, os mediParatl­eta camentos não são aprovados e o tratamento é pela quimiotera­pia.

PREVENÇÃO

Os especialis­tas ressaltam que o câncer melanoma pode ser prevenido, principalm­ente evitando a exposição exagerada ao sol e usando protetor constantem­ente. “Quanto mais precoce o melanoma for diagnostic­ado, menor o risco de disseminaç­ão para os gânglios linfáticos e outros órgãos, aumentando as chances de cura desta doença potencialm­ente fatal”, aconselha o médico do Hospital do Câncer de Londrina.

Quanto mais precoce o melanoma for diagnostic­ado, menor o risco de disseminaç­ão”

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