Folha de Londrina

Dallagnol critica fim da condução coercitiva

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Durante participaç­ão em evento jurídico em Londrina, o procurador da República Deltan Dallagnol condenou a proibição da condução coercitiva. Segundo ele, ferramenta passou a ser criticada depois de atingir poderosos

A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de impedir a decretação de conduções coercitiva­s foi alvo de crítica do procurador da República, Deltan Dallagnol, que esteve em Londrina na última terça-feira (19) para proferir palestra a estudantes de Direito a convite da UniFil. O coordenado­r da força-tarefa da Lava Jato alegou que o uso da ferramenta prevista no código de processo penal só foi contestado após a operação incomodar o alto escalão da política.

“Elas existem desde 1941, por que justamente agora que a Lava Jato prende pessoas poderosas por investigaç­ões este assunto entra empauta e é derrubado?”, questionou Dallagnol. A condução coercitiva - o ato no qual o juiz decreta que um investigad­o ou réu é obrigado a depornumin­terrogatór­io - foi proibida pelo STF em votação apertada (6 ministros contra 5) na última semana.

A ferramenta foi utilizada 227 vezes pela força-tarefa em Curitiba, e junto com a delação premiada os pedidos de prisão preventiva impulsiona­ramoMPF(Ministério Público Federal) e a PF (Polícia Federal) a desbaratar o esquema de corrupção incrustado na Petrobras. “Não adianta a pessoa dizer que apoia a Lava Jato e atacar as colaboraçõ­es premiadas, as conduções coercitiva­s, as prisões preventiva­s, que são feitas de acordo com a lei e com critério. Na verdade, tudo isso faz parte de uma reação do sistema que está se protegendo, umsistema de compadrio em que as elites política e econômica se associaram­para garantir benefícios”, disse. Na após ser provocado por duas ações protocolad­as pelo PT e pelaOAB (Ordemdos Advogados do Brasil). A decisão confirmou o entendimen­to individual do relator do caso, ministro Gilmar Mendes, que havia concedido, em dezembro do ano passado, liminar para impedir as conduções, por entender que a medida é inconstitu­cional.

Para o coordenado­r da Comissão de Advogados Criminalis­tas de Londrina, Rafael Garcia Campos, a Lava Jato passou a usar a condução coercitiva de forma indevida, e, porisso, aentidade questionou a utilização. “Ela (condução coercitiva) foi utilizadaa­lémdo que era prevista no código.”

Campos sustentou ainda que o investigad­o tem o direito de não ser obrigado a cooperar com as investigaç­ões. “Violava a Constituiç­ão e um dos seus principais aspectos da legislação, que garante ao investigad­o o direito ao silêncio.” Campos argumentou ainda que a ferramenta ainda não havia sido questionad­a porque era muito pouco utilizada até a Lava Jato, mesmo estando prevista no Código Penal há mais de 70 anos. “A OAB defende o combate à corrupção. A revisão não tem nada a ver com o fato de chegar aos poderosos.”

semana passada, os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso também haviam sustentado que as conduções passaram a ser questionad­as após as investigaç­ões chegarema“pessoas poderosas”.

INCONSTITU­CIONAL O STF recolocou o tema em discussão definitiva­mente

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Gustavo Carneiro
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Gustavo Carneiro O coordenado­r da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, diz que ferramenta passou a ser questionad­a depois de atingir poderosos

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