Arte de transformar
Anova cara da avenida Martiniano do Valle Filho, na zona leste de Londrina, concedida pelos painéis coloridos produzidos pelos artistas grafiteiros que participaram recentemente do “Festival de Grafite Quarteirão das Artes”, mais que encantar quem passa pelo local, mostra a capacidade de transformação da arte, da arte de rua. O visual abandonado ganhou cor, traços e passa agora a contar história. História de pessoas que se dedicam a transformar o cotidiano muitas vezes incolor, embaçado das cidades.
O conceito de arte de rua, segundo especialistas, refere-se a manifestações artísticas desenvolvidas fora de ambientes próprios como os teatros e museus, para acontecer em espaços públicos, lugares pouco convencionais, como áreas abandonadas, paredes estragadas, viadutos, tendo o dia a dia como inspiração.
Bons exemplos se espalham pelo mundo, como o que vem ocorrendo em Detroit, nos Estados Unidos, que depois de uma grave crise econômica e social, está se reconstruindo também por meio dessa arte. Ou aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, nas favelas da cidade maravilhosa que despertaram os holandeses Dre Urhahn e Jeroen Koolhaas a executarem o projeto Favela Painting, que com o apoio das comunidades, vem espalhando cor aos morros cariocas.
Esta Londrina, inclusive, já possui registros interessantes do trabalho despretensioso de grafiteiros locais, como os que se encarregaram de vestir de cor os muros do Cemitério São Pedro. O melhor de tudo isso, é que essa transformação visual, que não dependeu do poder público, pode impactar positivamente no humor, na confiança das pessoas que convivem nesses locais, promovendo outras transformações. Como relatado pelo funcionário de uma das empresas instaladas nos barracões da zona leste: “aproveitamos a roçagem e até plantamos mandioca, milho e abóbora. Parece outro lugar, viramos atração”.
Todos temos a capacidade de transformar nossos espaços, não necessariamente com tintas e pincéis, mas também com cuidado e boa vontade, cada um fazendo a sua parte. Não jogar lixo nas ruas, preservar e ajudar a cuidar das praças e jardins, respeitar o outro com pequenas ações, na convivência diária, no trânsito, na escola, no trabalho. A cidade e o cidadão agradecem.
Todos temos a capacidade de transformar nossos espaços, não necessariamente com tintas e pincéis, mas também com cuidado e boa vontade, cada um fazendo a sua parte”