Pacote anticorrupção desfigurado
Em ano eleitoral, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, defendeu em Londrina um novo ‘pacote’ contra a corrupção e disse acreditar que a solução ante o ‘problema sistêmico’ virá das urnas.
O procurador voltou a criticar o Congresso, que ‘desconfigurou’ emdezembro de 2016 as 10 medidas anticorrupção, proposta levada em projeto de lei pelo grupo de procuradores do MPF (Ministério Público Federal) de Curitiba. Dallagnol convocou os estudantes de Direito que formaram sua plateia em palestra na UnifiL, terçafeira, a participarem da nova campanha, que tem três pilares: “Incentivamos os eleitores a votar em candidatos com passado limpo, que apoia a democracia e que apoia esse novo pacote anticorrupção.”
Segundo Dallagnol, o novo pacote contém 70 medidas em 12 diferentes frentes que tem apoio de entidades como a Transparência Internacional e a FGV (Fundação Getúlio Vargas). “Todas as medidas foram reconhecidas por diversas entidades, atende os cuidados dos direitos humanos e ampla defesa e com as demais garantias penais.”
Questionado pela FOLHA se o STF (Supremo Tribunal Federal) teria omesmoritmo da primeira instância ao condenar políticos com foro privilegiado, Dallagnol cobrou que os políticos tam- bém precisam ser punidos pelos fatos revelados pela Lava Jato. “É importante que todas as instâncias emitam uma mensagem muito clara contra a corrupção. Umadoença severa deve ser tratada com remédio amargo”. A entrevista foi feita antes da segunda turma do STF absolver a senadora paranaense, Gleisi Hoffman (PT), e o exministro Paulo Bernardo no final da noite de anteontem. No Supremo, apenas o deputado paranaense, Nelson Meurer (PP), foi condenado no âmbito da Lava Jato.
Segundo o MPF, só na primeira instância o juiz Sergio Moro proferiu 203 condenações contra 132 pessoas. Na primeira instância no Rio foram37 condenações.
(G.M.)