Travessia perigosa para estudantes
Ausência de placas e faixas de pedestres estão entre as deficiências no entorno das instituições
Cerca de 180 escolas municipais, estaduais e particulares em Londrina não têm sinalização de trânsito apropriada no entorno, comprometendo a segurança para a entrada e saída de alunos. A demanda dessas vias que abrigam as escolas vai desde placas informando o limite de velocidade até faixas de pedestres e vagas de embarque e desembarque. E das 353 instituições existentes na cidade, ao menos 13 não possuem nenhum tipo de sinalização e necessitam de um projeto completo do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina).
É o caso da escola municipal Cláudia Rizzi, no conjunto Vivi Xavier (zona norte), que possui 370 alunos matriculados na educação infantil e fundamental. “As crianças atravessam entre os carros porque tem muitos pais que desembarcam os filhos no meio da rua. No horário de entrada e saída tem que tomar muito cuidado porque o movimento de carros é alto e não tem controle nenhum”, reclama Milayne Angélica da Silva, mãe do aluno Miguel, 7, do 1º ano.
A diretora Rosinéia Maria Marques conta que a reivindicação por sinalização de trânsito é uma demanda antiga tanto de professores quanto de pais de alunos. “No mês passado encaminhei um ofício ao Ippul solicitando sinalização e eles me deram um prazo de dois meses para enviar uma resposta”, diz.
A escola está, segundo o diretor de Trânsito da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), Pedro Ramos, na lista de prioridades do projeto “Sinalizar pra Educar”, desenvolvido em parceria com o Ippul e as secretarias de Planejamento, Educação, Obras e Pavimentação. O projeto foi lançado oficialmente na manhã desta segunda-feira (23).
O setor de sinalização viária da CMTU mapeou 353 instituições, entre públicas e privadas, quanto à presença de sinalizações legendas (devagar/escola), faixa de pedestre, vaga de embarque e desembarque ou curta duração e placas (área escolar, velocidade, estacionamento regulamentado, olhe e sinalize). “Pelo menos 50% delas estão com falta de sinalização”, revela.
O levantamento levou dois meses para ser elaborado e resultou em um documento direcionado para os órgãos competentes. As vagas para embarque e desembarque são a maior demanda e dependem da análise do Ippul. Já no que é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação, a maior necessidade é para a estruturação de guias de acessibilidade.
“Sabemos que a demanda é grande e tivemos que estabelecer prioridades. Na região central, constatamos que a sinalização está desgastada e isso é mais fácil de ser corrigido. O maiores problemas estão nos bairros. Há
escolas que oferecem maior risco às crianças porque estão localizadas em áreas que necessitam de outras intervenções também”, aponta o diretor de Trânsito, estimando um prazo de 12 meses para conclusão do projeto.
ENTIDADE
Ele cita como exemplo, o Meprovi Pequeninos, na Vila Santa Terezinha (zona leste). A entidade é filantrópica e conveniada com a Secretaria de Assistência Social, mas tem uma reivindicação antiga para garantir o acesso de 75 crianças que participam do projeto no contraturno escolar.
“As crianças não têm nem calçada para chegar aqui. Elas vêm pela rua e eu mesma já vi um carro frear no pé de uma delas. Com a instalação de um shopping e novas residências aqui na região, o fluxo de veículos aumentou bastante”, reclama Simone Peres, assistente social.
O local foi visitado pela CMTU, que estuda alguma intervenção. “Temos projetos de sinalização semafórica e de radares fixos. No Meprovi, a sinalização de área escolar está completa, mas a localização não exclui o perigo”, afirma Ramos.
O estabelecimento fica na rua Santa Terezinha, via de acesso para o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Abdias do Nascimento, que também não dispõe de nenhuma sinalização. A creche é frequentada por 75 crianças de zero a três anos de idade. “Vamos corrigir primeiramente os problemas de buraco e a falta de calçadas desses estabelecimentos para ir somando as medidas de sinalização”, diz.
Nas escolas particulares, serão atendidas aquelas que formalizaram a solicitação e que o projeto de sinalização já tenha sido aprovado pelo Ippul, uma vez que pode existir obrigação legal de medida mitigadoras por parte do estabelecimento.
VOLTA ÀS AULAS
Nesta manhã, 43 mil estudantes voltam às aulas nas creches e escolas municipais de Londrina, e na semana que vem será a vez dos estudantes das escolas estaduais.