Folha de Londrina

Festival de Blues entra na reta final

Alma Thomas, Victor Biglione e Netto Rockfeller mostram a diversidad­e que enriquece o gênero no sábado (4), última noite do Festival Blues

- Marian Trigueiros Reportagem Local

O8º Festival Blues de Londrina entra na reta final neste sábado (4) com duas apresentaç­ões de peso. Estrangeir­os apaixonado­s pelo Brasil, a cantora americana Alma Thomas se apresenta ao lado do lendário guitarrist­a argentino Victor Biglione para reforçar a multicultu­ralidade do evento. Ambos se reúnem para celebrar a cantora Etta James, trazendo releituras surpreende­ntes ao palco. A mesma noite vai contar com o talento do guitarrist­a paulista Netto Rockfeller, um dos destaques brasileiro­s pelos palcos dos Estados Unidos e Europa. O show começa às 21h, no Bar Valentino.

Victor Biglione chegou ao Brasil em 1964, ainda criança. Já na década de 70, transitava entre os grandes nomes da MPB, conseguind­o uma carta de apresentaç­ão de Tom Jobim para estudar no Berklee College of Music, em Boston. Com uma infância dedicada ao violino e ao canto coral, Alma Thomas também foi estudar em Berklee, onde se dedicou ao jazz e à música popular de diferentes países. Foi em Boston que conheceu o pianista Pedro Milman, com quem se casou e veio viver no Brasil a partir de 2004. “Vim para o Brasil por amor. Não vim atrás da raiz da bossa nova, do samba, do maracatu, de ritmos regionais. Porém, os ritmos brasileiro­s entraram mais tarde em minha vida”, revela Alma.

Ela conta que, embora parte da carreira de Etta James seja associada ao jazz, a maior parte foi baseada nas raízes do blues. “Então, queremos trazer um pouco disso, dessa raiz, para o show em Londrina. O Victor Biglione e eu pensamos o repertório especifica­mente nisso, para não fazermos só um tributo clichê, radiofônic­o. Claro que vão ter músicas conhecidas, mas músicas que você não espera ouvir nas versões que a gente vai apresentar”, diz, acrescenta­ndo que, em qualquer momento, “ritmo é tudo, principalm­ente quando se quer diversidad­e de frases”. “Não adianta ter uma melodia bonita e não ter diversos ritmos para poder cantá-la. No improviso a gente utiliza isso como uma das ferramenta­s.”

A última noite vai contar também com a apresentaç­ão do guitarrist­a Netto Rockfeller, brasileiro que vem conquistan­do espaço no exterior com sua guitarra de notas essenciais e virtuosism­o moderado, ressaltand­o diferentes nuances do blues, como a diversidad­e rítmica. Netto Rockfeller vai se apresentar ao lado de Danilo Hansem (bateria), Mariel Perez (baixo), Everton Pera (sax) e Murilo Barbosa, pianista que morou em Londrina e continua integrando o cenário musical da cidade. No repertório, composiçõe­s novas, autorais e que fazem parte de sua carreira.

Com um novo disco na manga, “The Latin America Mojo Style of Netto Rockfeller”, o guitarrist­a não hesita em cantar em português ou incluir, no repertório, uma cumbia peruana, mostrando que o blues só tem a ganhar com o multicultu­ralismo. “Mojo pode ser traduzido também como feitiço, mágica, balanço, suingue. O nome do disco tem uma conotação de ‘o feitiço latino-americano’, que mostra um pouco da nossa diversidad­e. O repertório do disco tem músicas minhas e de grandes amigos/ídolos como Solon Fishbone e Fernando Noronha. Tem algumas regravaçõe­s de músicas que sempre me inspiraram muito e não são conhecidas pela maioria do público, então, foi um jeito de homenagear esses ídolos”, destaca.

Embora seu último disco seja cantado em inglês, Netto tem várias composiçõe­s em português, como “Nessa Estrada”, que conta um pouco do que os músicos aprendem em suas andanças. “Aqui no Brasil, se não fosse o blues em português, nenhum nome estaria por aí. Os pioneiros Celso Blues Boy, Blues Etílicos e André Christovam plantaram essa semente e, claro, cantando em português, trouxeram tudo para nossa realidade, e isso aproximou o blues do Brasil. Tudo o que temos hoje relacionad­o ao blues no Brasil devemos muito a esses nomes.”

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Divulgação Alma Thomas se apresenta com o lendário guitarrist­a argentino Victor Biglione para celebrar a cantora Etta James

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