A dura realidade dos postos de saúde
Obalanço das fiscalizações em unidades de saúde de todo o Brasil, realizadas pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), não trouxe um bom diagnóstico do serviço básico público de saúde. Metade de um conjunto de 4.664 unidades de saúde vistoriadas têm mais de 30 itens necessários para atendimento em falta ou fora das normas sanitárias. A fiscalização foi feita pelo órgão em parceria com os conselhos regionais de medicina, entre os anos de 2014 a 2017, e as visitas incluíram postos de saúde, centros de saúde e ambulatórios, selecionados de forma aleatória ou a partir de denúncias. Do total, 2.311 tinham mais de 30 itens observados na fiscalização em falta ou com irregularidades. Já para 1.115, ou 24% do total, esse problema abrangia mais de 50 itens.
Brasil afora, os conselheiros encontraram consultórios públicos em condições bastante precárias. Como imaginar um posto de saúde sem aparelho para aferir a pressão do paciente e termômetros? São problemas que poderiam provocar o fechamento do posto ou centro e deixam em alerta departamentos de vigilância sanitária. Sem falar no risco à saúde dos usuários, pois além da falta de material e equipamento, foram encontrados problemas de estrutura. Dos 4.664 locais vistoriados, 11% não tinham boas instalações elétricas e hidráulicas, 18% não tinham sala de esterilização de materiais e 9% não tinham pia, necessária para higiene das mãos. Três em cada dez não tinham sanitário adaptado para deficientes. A situação também era problemática em 1.707 locais vistoriados nos quais era obrigatória a presença de itens de atendimentos de urgência ou de suporte a pacientes com crises agudas, como desfibrilador e oxigênio com máscara.
Desde 2013, a fiscalização do exercício da medicina é tarefa também do CFM e dos CRMs. É um trabalho importante e minucioso. Sabe-se que os problemas vão além. Há falta de profissionais e grande demanda de pacientes, assim como situações de má gestão dos recursos. Neste momento em que começam a divulgação de pesquisas pedindo que eleitores apontam os principais problemas do País, a saúde sempre está entre os primeiros do ranking. É a hora certa de apresentar soluções, não só para criticar o que está aí, mas para propor saídas viáveis.
Como imaginar um posto de saúde sem aparelho para aferir a pressão do paciente e termômetros?