Folha de Londrina

‘Em Londrina há mais que falta de equipament­os’

- Vítor Ogawa Reportagem Local

O presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná), Alberto Toshio Oba, ressaltou que o quadro apontado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) de precarieda­de nos postos de saúde é similar ao que ele viu recentemen­te durante uma vistoria em Londrina. “O principal problema em Londrina é a precarieda­de do atendiment­o básico. O que vimos é mais do que a falta de equipament­os. Havia falta de segurança. Quando visitamos uma unidade um médico foi ameaçado por uma pessoa por se recusar a dar atestado. Vimos a falta de medicament­os de vários tipos, desde antibiótic­os aos de uso controlado para evitar crises psiquiátri­cas”, relatou.

“Mais do que a falta de equipament­os, é a falta de investimen­to em capital intelectua­l. Sem um plano de cargos e carreira adequados não se contratam bons profission­ais que estejam engajados e integrados à comunidade”, argumentou Oba.

“A solução para tudo isso passa por uma discussão ampla da comunidade. É preciso rever o que é mais importante para priorizar no atendiment­o público”, declarou.

As vistorias foram realizadas em várias unidades de saúde por uma comissão composta por representa­ntes de entidades e de órgãos públicos.

EDIFICAÇÃO

A reportagem foi à UBS (Unidade Básica de Saúde) do jardim Leonor (zona oeste de Londrina) e encontrou o banheiro sem sabonete líquido e toalhas de papel, o vaso sanitário sem assento, o teto estava com uma série de infiltraçõ­es e havia mofo no teto e nas paredes. Na última chuva, a água infiltrou na laje e molhou parte da farmácia, onde ficam depositado­s os medicament­os que são distribuíd­os para a população. O espaço também apresenta fissuras e rachaduras na estrutura da edificação. “(A estrutura) está defasada como quase todas as outras UBS do município”, afirmou o presidente da Associação de Moradores e do Conselho de Saúde do jardim Leonor, Irineu Marques.

Essa unidade será transferid­a para um outro prédio, que ainda está na fase de projetos. Provavelme­nte a nova sede não terá os mesmos problemas estruturai­s, mas até a conclusão das obras há um longo caminho.

A diretora de Saúde e Condições de Trabalho do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Londrina), Giovana Crosxiati, afirma que os trabalhado­res que atuam nas unidades de saúde sofrem com a estrutura física e com o básico, como luvas descartáve­is. “Nós até recebemos as luvas, mas a qualidade não é das melhores. Os prédios das UBS também estão todos com bolor, mofo e ficam em espaços pequenos”, reclamou.

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Marcos Zanutto UBS na zona oeste de Londrina: infiltraçõ­es e mofo no teto e nas paredes

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