OEA cria grupo especial dedicado à Nicarágua
Washington - O Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou nesta quinta-feira (2) a criação de um grupo especial de países dedicado à situação política na Nicarágua, para “contribuir com a busca de soluções” após uma repressão que deixou mais de 300 mortos.
O Grupo de Trabalho para a Nicarágua buscará facilitar mecanismos para resolver “a situação que se registra na Nicarágua, inclusive por meio de consultas com o governo” do país centro-americano.
A onda de violência na Nicarágua deixou 317 mortos de 18 de abril a 30 de julho, incluindo 12 policiais e 23 civis menores de idade, informou nesta quinta-feira a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos). Em nota, o organismo insta o governo do presidente Daniel Ortega “a cumprir efetivamente suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos”.
Segundo a comissão, há uma perseguição que se dá em um “contexto de declarações estigmatizantes e intimidatórias por partes das autoridades estatais”, como qualificar as pessoas de terroristas, golpistas ou delinquentes.
Joel Hernández, membro da comissão e relator sobre os direitos das pessoas privadas de liberdade, manifestou ter tomado conhecimento “com suma preocupação do aumento vertiginoso de pessoas detidas sem as garantias do devido processo”. A nota chama a atenção para a detenção de dois adolescentes, de 14 anos e 15 anos, durante cinco dias.
Na quarta-feira (1º), o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, havia defendido nas redes sociais a “obrigação” do organismo de atuar na Nicarágua. Ele também havia declarado esta semana à CNN que “é importante que o presidente Ortega retome a possibilidade de antecipar as eleições, porque não convém se impor pela força”.
Ortega chama os manifestantes e os bispos que tentam mediar o diálogo com o governo de golpistas por quererem que as eleições de 2021 sejam antecipadas para 2019 como uma saída para a crise.