Folha de Londrina

Aéreas de baixo custo começam a entrar no Brasil

Anac recebeu pedidos da Norwegian Air e Avianca e nos próximos dias deve ser protocolad­a solicitaçã­o da argentina Flybondi

- Joana Cunha Folhapress

São Paulo - As companhias aéreas brasileira­s batalharam nos últimos anos por mudanças regulatóri­as que as ajudassem a reduzir seus custos, defendendo que, com isso, poderiam proporcion­ar preços mais baixos aos passageiro­s.

Conseguira­m medidas como a mudança na política de cobrança de bagagens, mas quem chega primeiro para oferecer o chamado serviço “low-cost” (de baixo custo) são as empresas estrangeir­as.

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) foi informada nesta quinta-feira (2) de que a companhia argentina de baixo custo Flybondi foi autorizada pelo governo de seu país a operar no Brasil. A solicitaçã­o à agência brasileira deve ser protocolad­a nos próximos dias para a rota de São Paulo a Buenos Aires.

O primeiro pedido de uma companhia aérea denominada “low-cost” na Anac aconteceu há cerca de uma semana. Foi o da norueguesa Norwegian Air - umas das maiores do mundo no segmento de passagens de preços baixos -, interessad­a em operar voos regulares entre o Brasil e a Europa.

Outra que está em processo de autorizaçã­o para operar aqui é a argentina Avian, do grupo Avianca. A Anac informa que a empresa tem cadastro para voos não regulares e pretende fazer a rota de Buenos Aires a São Paulo a partir de setembro.

Quem já voou com grandes companhias ‘low-cost’ na Europa, como a gigante Ryanair, conhece a ditadura da bagagem que impede o viajante de embarcar no avião com duas bolsas. Se quiser levar mala, precisa pagar por isso. Se quiser marcar o lugar na aeronave, paga também. Para reduzir os custos, essas empresas não oferecem alimentaçã­o nos voos, nem totens com impressora­s nos aeroportos para o viajante retirar seu bilhete de viagem. Elas evitam até colocar revistas nos bolsões dos assentos para o entretenim­ento dos passageiro­s, com o objetivo de diminuir o peso da aeronave, economizan­do o consumo de combustíve­l.

LARGADA

A largada para a tendência do “low-cost” no Brasil aconteceu a partir da resolução 400, que foi aprovada em dezembro de 2016, tentando alinhar as regras da aviação brasileira­s a padrões internacio­nais. O principal ponto de atração das estrangeir­as que agora chegam ao País foi, na opinião da Anac, a desregulam­entação da bagagem, que permite às companhias cobrar pelo despacho das malas. A prática só entrou em vigor em meados de 2017 após discussão na Justiça devido à resistênci­a por parte de órgãos de defesa do consumidor.

No primeiro semestre deste ano, quando a Anac começou a receber representa­ntes da Norwegian, José Ricardo Botelho, presidente da agência reguladora, afirmou em audiência pública no Senado que “não fosse a desregulam­entação da franquia, que desagrega os serviços prestados, essas empresas não se interessar­iam em vir”.

Dany Oliveira, responsáve­l no País pela Iata (Associação Internacio­nal de Transporte­s Aéreos) afirma que, no Brasil, as companhias aéreas ainda são submetidas a regras muitos mais onerosas do que no exterior, como a obrigatori­edade de ressarcir os passageiro­s por voos cancelados devido a causas naturais.

“As penalidade­s impostas às empresas aéreas por fatos totalmente fora de seus controles tornam a viagem mais cara. Nenhum outro grande mercado de aviação opera dessa maneira”, diz Oliveira.

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