LIDERANÇA
Em um ambiente de incertezas, empresários e executivos precisam aprender a tomar decisões com mais segurança e a influenciar pessoas
Cenário de incertezas econômicas e políticas obriga executivo a tomar decisões com mais segurança e a influenciar pessoas
Os cargos de liderança podem ser muito solitários. A pressão é grande, e diante de um cenário de incertezas econômicas e políticas e em que a tecnologia e os novos modelos de negócios trazem mudanças radicais ao mercado, executivos e donos de empresas precisam aprender a tomar decisões com segurança e a motivar as pessoas a seguirem o mesmo caminho. “Tenho que criar um mecanismo que me permita estar mais confiante, seguro na tomada de decisões. A tomada de decisões não pode ser intuitiva”, enfatiza Paulo Vendramini, diretor do PDE (Programa de Desenvolvimento de Executivos) do ISE Business School, escola de negócios.
“Há uma insegurança no mercado, dadas as circunstâncias de incerteza da condição econômica, alimentada pela incerteza política, que afeta principalmente o volume de negócios das empresas”, comenta Vendramini. Como reflexo desse contexto, as empresas aumentam os esforços para se tornarem mais competitivas e superarem a concorrência através da excelência operacional. Os novos negócios que surgem para atender demandas antigas com com custo relativamente baixo, como os aplicativos de mobilidade, também é motivo de atenção para os executivos. “É um tempo de bastante agitação. Há que estar muito atento. Há uma preocupação adicional em monitorar onde está o meu negócio para que eu descubra oportunidades ou perceba potenciais ameaças para o meu negócio.”
Além de tomarem decisões com mais confiança, os executivos precisam aprender a influenciar as pessoas à sua volta, acrescenta o diretor. “Ser capaz de influenciar as pessoas no sentido de que elas entendam a decisão que tomei e se motivem a implementá-la.” Segundo Vendramini, esse é o “auge do exercício da liderança”. “Acho que as pessoas vão tomando cada vez mais consciência de que só consigo isso através das pessoas. Que todos sintam a dor do dono de que temos todos que ir para frente, que é luta de todos nós. O desafio do líder hoje é conseguir que haja alto engajamento no resultado da empresa.”
Porém, o diretor também ressalta a necessidade de empresários e executivos lembrarem de se preocupar com questões básicas de sua atividade, como gestão financeira e de estoque, por exemplo. “Acho que, no dia a dia, a grande massa de empresários e empresas continua sofrendo com coisas muito básicas, como o bom entendimento de custos, gestão financeira, capital de giro, gestão de contas, pagamentos e recebimentos, negociação de compras, gestão de estoque... O empresário tende a se preocupar com temas estratégicos, vendas, porque ele precisa crescer. E temas mais simples ele terceiriza, enquanto que aquilo é o que vai representar o sucesso ou o insucesso do seu negócio.”
VISÃO
Mesmo após se tornarem empresários ou executivos, os profissionais não podem deixar de buscar capacitação. Isso porque é na capacitação que vem depois da faculdade que eles aprenderão a ter uma visão mais integrada dos negócios, opina Vendramini. Empresários e executivos precisam enxergar que uma ação executada em um departamento terá impactos nos demais. “Na faculdade tem a teoria, que nem sempre é aplicada aos negócios. É uma visão um pouco mais departamentalizadas. São os programas de pós e de formação executiva que permitem ter um visão da empresa como uma coisa mais integrada. Se nas vendas brigo para vender mais, e vendo para receber depois, isso vai ter impacto financeiro. Muitos só vão perceber isso a hora que começa a faltar dinheiro.”
Empresários e executivos precisam, ainda, ter consciência do impacto social causado pela atividade da empresa. “Temos que tomar conta do impacto que (as empresas) têm nas pessoas. Se pensamos em uma empresa como entidade social, o impacto tem que ser bom na sociedade, no ambiente que ela atua socialmente.” A crise ética é um problema que atinge governo e empresas, e é outra preocupação que hoje deve estar no radar de empresários e executivos, completa o diretor do ISE. “A crise ética é um problema que o empresário sofre hoje e que não pode ser ignorado. Vivemos em um ambiente complicado do ponto de vista ético.”
O desafio do líder hoje é conseguir que haja alto engajamento no resultado da empresa”