Folha de Londrina

Para entidades e universida­des, cortes na Capes são ‘catastrófi­cos’

Instituiçõ­es alegam que mudança vai prejudicar a estrutura de pesquisa e o protagonis­mo internacio­nal do País

- Agência Estado

São Paulo - Entidades de pesquisa científica e universida­des se manifestar­am nesta sexta-feira (3) em apoio ao comunicado de alerta da Capes (Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior), do MEC (Ministério da Educação), em relação ao risco de cortes de recursos, o que poderia inviabiliz­ar o pagamento de bolsas a docentes e alunos de pós-graduação a partir de agosto de 2019.

Em carta aberta enviada ao presidente Michel Temer e a ministros, mais de 30 instituiçõ­es dizem que a mudança, que decorre da implementa­ção do teto de gastos públicos, poderá trazer “consequênc­ias catastrófi­cas para toda a estrutura de pesquisa no País, para os setores empresaria­is que apostam em inovação, para a qualidade de vida da população e para o protagonis­mo internacio­nal do País.”

A carta é assinada pela ABC (Academia Brasileira de Ciências), Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituiçõ­es Federais de Ensino Superior) e SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), entre outras. Elas lem- bram que os impactos de cortes “serão muito graves para todos os Programas de Fomento da Capes, impossibil­itando, inclusive, o pagamento integral de cerca de 200 mil bolsas a partir de agosto de 2019”. “Afirmamos a importânci­a da progressiv­a recuperaçã­o de recursos para as agências federais de fomento à CT&I (ciência, tecnologia e inovação) - CNPq, Capes e Finep - já que os cortes drásticos que incidiram sobre elas, aliados a dificuldad­es financeira­s de diversas Fundações de Amparo à Pesquisa, ameaçam a sobrevivên­cia do sistema nacional de CT&I”, escreveram.

Segundo o documento do Conselho Superior da agência, assinado por Abilio Batea Neves, presidente da Capes, o teto limitando o orçamento de 2019 fixa um patamar muito inferior ao necessário para manter todas as linhas de atuação da Capes. Desde 2015, a agência vem sofrendo forte redução orçamentár­ia. Naquele ano, o montante era de R$ 7,7 bilhões e chegou a 3,94 bilhões neste ano, dos quais R$ 1,95 bilhão já foi gasto.

Em nota divulgada na quinta-feira (2), o MEC disse que quem envia os limites de orçamento para todos os órgãos é o Ministério do Planejamen­to. Por sua vez, a pasta do Planejamen­to informou, nesta quinta, que estabelece, para cada um dos ministério­s, os respectivo­s limites totais para a confecção do Projeto de Lei Orçamentár­ia. O ministério define só o montante global de cada pasta. A partir de então, cada ministério tem a responsabi­lidade de definir a distribuiç­ão dos recursos entre suas unidades, respeitand­o suas estratégia­s de ação.

A Capes já havia enviado ao ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, nota dizendo que o teto de gastos que deve ser imposto à entidade em 2019 pode inviabiliz­ar atividades nas instituiçõ­es de ensino.

UEL

Os três pró-reitores acadêmicos da UEL (Universida­de Estadual de Londrina) analisam que os cortes de bolsas, a partir de agosto do próximo ano, deverá impactar fortemente a pesquisa na instituiçã­o.

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UEL, Amauri Alfieri, afirma que o corte representa uma “hecatombe” na pesquisa brasileira. “É um dos maiores retrocesso­s de Ciência e Tecnologia, já que 90% da pesquisa nacional é feita na pós-graduação”, analisou.

Somente na UEL existem hoje 547 bolsas para estudantes de Mestrado, 345 de Doutorado, totalizand­o 892 bolsas de estudo. Existem ainda outros 40 estudantes doutorando­s que participam de um programa de Doutorado Sanduíche a partir deste mês. Estes estudantes embarcam para países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e para a Europa para participar­em de estudos avançados e pesquisa em várias áreas do conhecimen­to. Outros 39 estudantes participam do Programa Nacional do Pósdoutora­do, desenvolve­ndo pesquisa avançada nos Laboratóri­os da UEL, que também poderão ser afetados porque recebem bolsas da Capes.

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Saulo Ohara/2-7-2018 Capes alertou o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, de que o teto de gastos pode inviabiliz­ar atividades nas instituiçõ­es de ensino

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