É PRECISO TER PERFIL
Trabalhar em casa parece ser uma proposta tentadora, mas é necessário desenvolver habilidades para aproveitar e produzir com qualidade
Se a flexibilidade e o conforto atraem, a falta de acompanhamento e de limite pode afastar a ideia do home office como uma boa proposta. Para poder aproveitar os benefícios da situação, é preciso desenvolver habilidades para não trabalhar demais, nem produzir menos.
A empresa que adotar o regime de trabalho remoto precisa ter estrutura e processos de controle. “Antes, tínhamos a gestão à vista. Os líderes olhavam as pessoas trabalhando e exerciam a cobrança. O home office implica que a empresa tenha essa estrutura para cobrar mais por entrega do que por tarefa diária”, explica Adeildo Nascimento, diretor da ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná).
Outro ponto é que na escolha de colaboradores para a função remota é preciso considerar, além das “hard skills”, aquelas competências técnicas avaliadas por meio de currículo, diplomas e certificados, também as “soft skills”, que são as habilidades relacionadas ao modelo mental da pessoa.
O diretor aponta as duas principais habilidades dessa última categoria: autorresponsabilidade e disciplina. “Tem que ser uma pessoa que se comprometa com a entrega, que não precise de supervisão direta e que tenha disciplina, porque em casa, várias coisas vão distraí-la”, afirma.
CUSTO FIXO
Se o profissional tiver esses dois requisitos básicos, a tendência, acredita Nascimento, é de que aumente a produtividade. “Pode aumentar, mas se manter já é uma vantagem, porque a empresa não vai precisar de tanto espaço, gasta menos com transporte para os funcionários e em termos de custo fixo também. Muitas empresas estão abolindo os escritórios regionais e adotando esse tipo de trabalho”, aponta. Ao mesmo tempo, é recomendável a realização periódica de reuniões para a troca de informação e integração do time.
Já do ponto de vista do profissional, é importante entender que nem todas as carreiras permitem esse modelo. Algumas ocupações exigem que o colaborador esteja in loco e mesmo para aquelas funções suscetíveis ao modelo, é preciso se atentar às habilidades apontadas para não sofrer com o trabalho. “Uma pessoa com maior tendência a ser workaholic pode se estender e não separar os momentos de trabalho e lazer, a disciplina também vale para isso”, indica Nascimento.
CRIAR HÁBITOS
A notícia boa é que qualquer pessoa pode desenvolver o modelo mental para trabalhar remotamente. “É criar hábitos. Colocar uma pessoa que possa ajudar, separar um cômodo da casa, preparar um ambiente diferente, até que se desenvolva as habilidades. Há pessoas que levantam cedo, colocam a mesma roupa que usariam se fossem trabalhar na empresa até que se adquira autorresponsabilidade e disciplina”, exemplifica.
Criar hábitos, cenários e ter uma pessoa que cobre até que desenvolva esse plano mental pode ser uma estratégia, pois, segundo o diretor da associação, essa é a nova forma de enxergar o mundo. “A gente está passando por uma transição social e de mercado de trabalho. Antes, o trabalho era para onde a gente ia exercer nossas funções. Hoje, com a tecnologia, o trabalho não é mais aonde eu vou, mas o que eu levo comigo e que posso executar a qualquer momento”, argumenta Nascimento.
Uma pessoa com maior tendência a ser workaholic pode se estender e não separar os momentos de trabalho e lazer”