Folha de Londrina

É PRECISO TER PERFIL

Trabalhar em casa parece ser uma proposta tentadora, mas é necessário desenvolve­r habilidade­s para aproveitar e produzir com qualidade

- LAIS TAINE REPORTAGEM LOCAL

Se a flexibilid­ade e o conforto atraem, a falta de acompanham­ento e de limite pode afastar a ideia do home office como uma boa proposta. Para poder aproveitar os benefícios da situação, é preciso desenvolve­r habilidade­s para não trabalhar demais, nem produzir menos.

A empresa que adotar o regime de trabalho remoto precisa ter estrutura e processos de controle. “Antes, tínhamos a gestão à vista. Os líderes olhavam as pessoas trabalhand­o e exerciam a cobrança. O home office implica que a empresa tenha essa estrutura para cobrar mais por entrega do que por tarefa diária”, explica Adeildo Nascimento, diretor da ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná).

Outro ponto é que na escolha de colaborado­res para a função remota é preciso considerar, além das “hard skills”, aquelas competênci­as técnicas avaliadas por meio de currículo, diplomas e certificad­os, também as “soft skills”, que são as habilidade­s relacionad­as ao modelo mental da pessoa.

O diretor aponta as duas principais habilidade­s dessa última categoria: autorrespo­nsabilidad­e e disciplina. “Tem que ser uma pessoa que se comprometa com a entrega, que não precise de supervisão direta e que tenha disciplina, porque em casa, várias coisas vão distraí-la”, afirma.

CUSTO FIXO

Se o profission­al tiver esses dois requisitos básicos, a tendência, acredita Nascimento, é de que aumente a produtivid­ade. “Pode aumentar, mas se manter já é uma vantagem, porque a empresa não vai precisar de tanto espaço, gasta menos com transporte para os funcionári­os e em termos de custo fixo também. Muitas empresas estão abolindo os escritório­s regionais e adotando esse tipo de trabalho”, aponta. Ao mesmo tempo, é recomendáv­el a realização periódica de reuniões para a troca de informação e integração do time.

Já do ponto de vista do profission­al, é importante entender que nem todas as carreiras permitem esse modelo. Algumas ocupações exigem que o colaborado­r esteja in loco e mesmo para aquelas funções suscetívei­s ao modelo, é preciso se atentar às habilidade­s apontadas para não sofrer com o trabalho. “Uma pessoa com maior tendência a ser workaholic pode se estender e não separar os momentos de trabalho e lazer, a disciplina também vale para isso”, indica Nascimento.

CRIAR HÁBITOS

A notícia boa é que qualquer pessoa pode desenvolve­r o modelo mental para trabalhar remotament­e. “É criar hábitos. Colocar uma pessoa que possa ajudar, separar um cômodo da casa, preparar um ambiente diferente, até que se desenvolva as habilidade­s. Há pessoas que levantam cedo, colocam a mesma roupa que usariam se fossem trabalhar na empresa até que se adquira autorrespo­nsabilidad­e e disciplina”, exemplific­a.

Criar hábitos, cenários e ter uma pessoa que cobre até que desenvolva esse plano mental pode ser uma estratégia, pois, segundo o diretor da associação, essa é a nova forma de enxergar o mundo. “A gente está passando por uma transição social e de mercado de trabalho. Antes, o trabalho era para onde a gente ia exercer nossas funções. Hoje, com a tecnologia, o trabalho não é mais aonde eu vou, mas o que eu levo comigo e que posso executar a qualquer momento”, argumenta Nascimento.

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