Ma xícara de concentração
Para estudos ou trabalho remoto, as cafeterias são os locais preferidos para quem quer diversificar o ambiente
Guilherme Valério, 26, puxou os fones do ouvido e ameaçou tirar a mochila da cadeira para oferecer o assento. Com um grande livro cheio de marcações e notebook, suas principais ferramentas de trabalho, saiu da sua zona de concentração para contar à reportagem que gosta de estudar e trabalhar em cafeterias.
“Quando eu rendo pouco em casa, prefiro vir aqui. Uma das formas de se aprender melhor e captar o conhecimento é mudar os ambientes, então venho umas duas vezes por semana”, explica. Como estudante e advogado, consegue executar suas atividades em casa e, apesar de morar sozinho e não ter problemas com barulho e distração, prefere diversificar o local.
Desde às 8h e com a pretensão de ficar até as 14h, dividia o espaço com outros frequentadores. Duas mesas à frente, uma dupla discutia estratégias de negócios e trocava informações e propostas de planos de trabalho. Os dois com roupas formais, maletas e papéis sobre a mesa.
Na de Valério, além dos equipamentos, uma xícara de café já vazia e uma garrafa de água pela metade. “No mínimo um café e uma água, não consigo não consumir, não tenho cara para isso. Nada mais justo comprar alguma coisa, estou ocupando o lugar de alguém e utilizando a energia do local”, afirma com o notebook pluga- do na tomada.
Essa é uma questão que o advogado avalia. Antes de sair de casa, preocupa-se em saber se o estabelecimento escolhido terá uma tomada e preço justo. “Quando você passa muito tempo, acaba gastando muito, então eu observo o valor do café, da água, e se o lugar tem boa estrutura, com tomada e cadeira confortável, no mínimo”, defende.
Enquanto a entrevista fluía, o barulho da conversa ao lado brigava com as batidas da louça e o som da máquina de café. “Eu trago os fones de ouvido, seleciono uma música para relaxar, me concentrar, porque senão eu não conseguiria”, aponta a playlist com as músicas próprias para quem quer se manter focado.
Quase um hábito, a mudança de ambiente o auxilia para se sentir mais motivado e assim, focar nas tarefas. Por isso, vez ou outra prefere sair de casa. “Como o sistema é todo digital, eu trabalho sempre em casa, faço atendimento lá tam- bém e costumo render mais de madrugada, mas quando tenho muita demanda, eu prefiro sair. Fiquei sabendo que esse é um método para reter mais informações”, avalia. Por enquanto, está dando certo. Devolvendo os fones aos ouvidos, ajeitou-se na cadeira e voltou à atividade, dessa vez, sem ser incomodado.