Folha de Londrina

Estão chegando as flores...

Projeto iniciado em 2017 vislumbra a possibilid­ade de Londrina se tornar um polo produtor de espécies tropicais, como as helicônias e o bastão-do-imperador

- Victor Lopes Reportagem Local

Em pequenas propriedad­es rurais, de modo geral, a ordem é diversific­ar para ter rentabilid­ade. Aquele pequeno espaço – muitas vezes inutilizad­o – pode se tornar uma área geradora de renda aos agricultor­es familiares. A criativida­de e vontade de colocar em prática são fundamenta­is, associadas, claro, a uma boa estratégia comercial e olho no mercado.

E foi a junção de todos esses fatores que fez um grupo de pequenas produtoras, em sinergia com a Universida­de Estadual de Londrina (UEL), a olhar com carinho para a produção de flores tropicais aqui na região. O projeto, iniciado no ano passado, começa a caminhar com a expectativ­a que nos próximos dois anos a produção dessas variedades, que têm 90% do volume chegando de São Paulo, ganhe força em volume e comerciali­zação, inclusive em feiras livres.

A representa­tividade das flores no Valor Bruto de Produção (VBP) estadual é pequena (em torno de R$ 115 milhões em 2014, último número levantado pelo Deral), mas o Paraná tem cases interessan­tes nos quais a região de Londrina pode se inspirar. As rosas de Marialva, os crisântemo­s de Uniflor e as orquídeas de Maripá são alguns deles. E vale dizer: de acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultu­ra (Ibraflor), o faturament­o do setor nacional já ultrapasso­u nos últimos três anos a casa dos R$ 6 bilhões.

O professor Ricardo Faria, do departamen­to de agronomia da UEL nas áreas de floricultu­ra e paisagismo, é um dos idealizado­res do projeto. Ele explica que há 15 anos foram introduzid­as no campus algumas pesquisas com flores tropicais e foram analisados diversos comportame­ntos ligados à produtivid­ade, longevidad­e e adaptação delas na região. “Essas flores chamam atenção pelo colorido, durabilida­de e podem ser produzidas sem precisar de estufas, a campo aberto. Fizemos as pesquisas e clonagem em laboratóri­o. Então pensamos em formar uma associação, um grupo de senhoras, em que a universida­de entraria com as mudas e alunos com a consultori­a técnica, a Consoagro.”

Das diversas espécies estudadas, cinco acabaram sendo escolhidas como melhores opções para trabalho em Londrina: bastão-do-imperador, gengibre ornamental, bananeira-de-jardim (Heliconia rostrata), Heliconia sassi e Heliconia bihai vermelha. “Hoje já estamos entre 10 e 15 produtoras, que juntamente com o Sebrae, iniciaram o trabalho em relação a viabilidad­e econômica, plano de negócios e debates de como trabalhar em associação. Elas estão animadas para se tornar pequenas empresária­s, além de ver suas áreas produtivas.”

O professor não titubeia em dizer que a cidade pode ser tornar um polo interessan­te desse tipo de flor. “Temos demanda, mas não há produto. Escolhemos espécies que o mercado está receptivo, materiais que estão na mídia. O olho do dono que faz o sucesso do empreendim­ento, inclusive com o controle de ervas daninhas e também consorcian­do a produção (com outros produtos): quiabo com flores, girassol com flores, como já tem acontecido.”

Um dos grandes desafios, segundo Faria, é passar às produtoras as bases técnicas do sistema produtivo. “Os alunos de Agronomia estão mostrando como fazer o plantio das variedades, qual adubação, irrigação e as necessidad­es de cada planta. Todo projeto tem riscos e estamos fazendo de tudo para diminuí-los.”

Essas flores chamam atenção pelo colorido, durabilida­de e podem ser produzidas sem precisar de estufas, a campo aberto”

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Gustavo Carneiro “Temos demanda, mas não há produto. Escolhemos espécies que o mercado está receptivo, materiais que estão na mídia”, diz o professor Ricardo Faria, da UEL

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