Novas regras prejudicam candidatos sem mandato, diz professor
Para o professor de ética e filosofia política Clodomiro Bannwart em uma primeira análise o eleitor vê com bons olhos a redução dos custos. Entretanto, a a medida imposta pela reforma política de 2017 vem acompanhada de outro fator: a redução do tempo de campanha, que foi estabelecida pela Lei 13.165/15. Aplicada nas eleições municipais de 2016, a legislação reduziu de 90 para 45 dias o período eleitoral.
“A redução de tempo também retira o direito da informação, minimamente racional, para o eleitor proceder sua escolha. Há esse deficit de informação”, diz Bannwart.
Sobre a grande novidade desta campanha, que é o impulsionamento de conteúdo nas redes sociais, o analista considera um ‘campo aberto’. “É uma aposta. É teste para todos, inclusive para os marqueteiros.”
Para o professor, os candidatos novos (sem mandato) serão os mais prejudicados pelo novo modelo com o fundo partidário de R$ 1,7 bilhão. “Se o grande problema lá atrás era o elevado custo de campanha que foi desmantelado na Lava Jato e a promiscuidade entre as empresas e os políticos -, vejo agora essa estratégia usadas pelos ‘caciques’ dos partidos. Esse ‘fundão’ inviabiliza o surgimento de novas lideranças.” Isso porque, segundo Bannwart, os partidos estão estabelecendo os critérios e priorizando em suas planilhas os repasses aos deputados federais com mandato.
Ele lembra ainda que os candidatos com poder econômico também aumentaram a vantagem em comparação com as últimas eleições com o limite de gastos fixado. “Este autofinanciamento só evidencia ainda mais este candidato que tem mais recursos. Há um desequilíbrio de forças, o que afeta a representatividade, que já é baixa dos segmentos da sociedade.”