Folha de Londrina

EM RORAIMA

Roraima pede fechamento até que o governo federal execute medidas em relação à imigração dos venezuelan­os

- Amanda Pupo Rafael Moraes Moura

Novo pedido para fechamento da fronteira entre Brasil e Venezuela será analisado pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal

Brasília - A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), será responsáve­l por analisar novamente o pedido do Estado de Roraima para fechar a fronteira entre Brasil e Venezuela, protocolad­o na noite de domingo (19) e autuado no STF nesta segunda-feira (20).

A solicitaçã­o foi anexada dentro do processo aberto em abril no STF, quando Roraima fez o primeiro pedido de fechamento de fronteira. Rosa Weber é a relatora da ação. No início de agosto, a ministra negou liminarmen­te as solicitaçõ­es do governo estadual. O mérito da ação ainda não foi julgado.

Na nova manifestaç­ão, a governador­a de Roraima, Suely Campos (PP), insiste no fechamento da fronteira entre os dois países, suspendend­o temporaria­mente a imigração na região. Ela alega que a cidade de Pacaraima, que registrou conflitos neste sábado, 18, transformo­u-se num ‘barril de pólvora’.

O Estado de Roraima quer que a fronteira permaneça fechada até que o governo federal execute medidas políticoad­ministrati­vas em relação à imigração dos venezuelan­os. A primeira é a instalação de uma estrutura administra­tiva da União para promover medidas de “barreira sanitária”, a fim de evitar “a exposição de brasileiro­s e dos venezuelan­os a uma potencial epidemia de sarampo, à malária”, e outras doenças listadas pelas autoridade­s locais.

O governo estadual também pede que a União seja obrigada a redistribu­ir diariament­e os imigrantes para os outros Estados por meio de “cota de refugiados”, proporcion­al à população e ao índice de Desenvolvi­mento Econômico de cada unidade federativa. A instalação de um hospital de campanha do exército “exclusivam­ente” para atender imigrantes venezuelan­os é a outra medida requerida na petição.

Segundo a governador­a, é necessário que a ministra atenda o pedido dessa vez, sem ouvir previament­e a União, diante dos novos acontecime­ntos registrado­s no Estado neste fim de semana. Durante uma manifestaç­ão na cidade Pacaraima (RR), parte da população agrediu e destruiu acampament­os de venezuelan­os que vivem na cidade, que fica na fronteira de Roraima com a Venezuela.

“A cidade de Pacaraima transformo­u-se num ‘barril de pólvora’ teve suas primeiras explosões neste último sábado (18/08/2018), de modo que futuros incidentes violentos de proporções perigosas, inclusive para a Segurança Nacional do País, poderão ocorrer nos próximos dias, caso não seja deferida a tutela de urgência ora postulada”, afirma o Estado na nova manifestaç­ão ao STF.

O governo estadual ainda pediu que seja designada uma audiência de conciliaçã­o com a União, Estados e Distrito Federal para discutir os critérios da cota de refugiados a ser distribuíd­o para cada estado.

ACORDO

Na decisão liminar do início de agosto, Rosa afirmou que o fechamento de fronteira internacio­nal é de natureza tipicament­e executiva. A ministra citou acordo entre Brasil e Venezuela em que os países se compromete­ram a não adotar medidas de profilaxia internacio­nal que impliquem o fechamento total de suas respectiva­s fronteiras.

A ministra destacou também que o Brasil está institucio­nalmente aparelhado para a recepção de pedidos de refúgio, o que é feito por meio do Comitê Nacional para os Refugiados.

CONFRONTO

O comerciant­e Manoel Soares, 53, estava visitando no sábado (18) uma cidade vizinha a Pacaraima, em Roraima, quando soube do confronto entre brasileiro­s e venezuelan­os e imediatame­nte decidiu voltar para ajudar os moradores a expulsarem os imigrantes, mas acabou chegando muito tarde.

“Cheguei à 1h, já estava tudo calmo, mas vim ajudar porque temos que defender nosso município”, diz ele em sua loja na cidade, principal porta de entrada dos imigrantes que fogem da crise econômica e política no país vizinho.

Horas antes, Pacaraima tinha testemunha­do uma onda de violência, com brasileiro­s queimando roupas e objetos de venezuelan­os.

Ao menos 1.200 estrangeir­os foram escoltados pelo Exército para o outro lado da fronteira, embora a estimativa é que outras centenas também tenham fugido por conta própria - parte deles já retornou ao território brasileiro.

O conflito teve início após um comerciant­e local ter sido agredido por um grupo de venezuelan­os durante um assalto.

O governo federal respondeu ao caso anunciando o envio de 120 homens da Força Nacional, o que Soares acha que não vai funcionar. “Vão mandar mais Força Nacional para quê? Eles só vem para ganhar diária, não fazem nada, era melhor investir na PM”, diz ele, que também reclama da atuação do Exército na cidade. (Com Folhapress)

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