Folha de Londrina

ESTÍMULO -

Autores partem das emoções e da observação cotidiana ao criar histórias para estimular novos e pequenos leitores

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Lançamento­s de livros infantis reforçam a importânci­a da literatura no desenvolvi­mento das crianças. Maria Helena de Moura Arias diz que a curiosidad­e da infância proporcion­a um olhar atento ao cotidiano e leva ao mundo da imaginação. Para Anderson Novello, a contação de histórias garante mais bagagem para a criação

Alembrança dos tempos em que observava o comportame­nto dos bichos no quintal de casa é o ponto de partida para a escritora Maria Helena de Moura Arias contagiar outras crianças. A curiosidad­e da infância deu a ela não só um olhar atento aos detalhes do cotidiano, mas a levou ao mundo da imaginação.

Jornalista e doutora em Literatura Brasileira, Arias já escreveu quatro livros para o público infantil: “Poesia é Magia”, “A Viagem da Lagarta”, “De que cor será a Lua?” e o “Chove Chuva Chuá”, que será lançado no dia 1 de setembro, às 10h, na Loja Ciranda (rua Prefeito Hugo Cabral, 656) em Londrina.

“Tudo que escrevi até o momento é relacionad­o ao cotidiano das crianças. São pequenas situações que geralmente passam despercebi­das. Tudo do nosso dia a dia pode se transforma­r em poesia”, conta Arias.

O mergulho no universo da literatura infantil faz toda a diferença, segundo ela, quando se tem o olhar das crianças. “É sendo criança que escrevo, pois nós adultos, já te- mos uma série de informaçõe­s e outros modos de vida. É importante deixar um espacinho para que a infância se mantenha viva em nós e o meio que encontrei para isso é estar sempre em contato com ela”, afirma.

Além das cenas do cotidiano, o trabalho de Arias se destaca pelas ilustraçõe­s criadas por ela e por sua filha Izabela, designer de moda. Ambas já se aventurara­m pelo universo das colagens, computação gráfica, acrílico e agora, no mais novo livro, Arias explora as possibilid­ades da aquarela.

“A ilustração é um caminho novo para mim. São muito pessoais, intuitivas e são um outro texto para as crianças, pois elas guardam muito mais as histórias quando se tem imagens sobre elas”, destaca.

Na mais recente produção, o “Chove Chuva Chuá”, a autora que reside em Londrina, trabalha com o dígrafo CH sobre um fenômeno comum na natureza. “É um livro que tem som e por isso pode auxiliar na alfabetiza­ção quando se está trabalhand­o com palavras com CH”, conta.

Arias esteve na 25ª Bienal Internacio­nal do Livro de São Paulo, no início do mês, por onde também esteve Anderson Novello. Ele mora em Curitiba e já escreveu três livros infantis: “A Bruxa do Batom Borrado”, “O Pintinho Ruivo de Raiva” e o recémlança­do “Filomenos: o Cabrito Aflito”.

Novello veio a Londrina recentemen­te, ministrand­o palestras a professore­s. Assim como Arias, o escritor diz que está sempre cercado de crianças e que as devolutiva­s desse público diante de uma história contada, lhe garante ainda mais bagagem para preencher páginas em branco.

“As crianças interagem quando a história é contada e ela precisa tratar do que é humano. Se tiver humanidade, sempre vai ter uma identifica­ção. Na história da bruxa, por exemplo, há sentimento­s e sensações, como arrependim­ento, até a questão do bullying, embora essas palavras não apareçam no livro”, comenta.

No “O Pintinho Ruivo de Raiva”, o autor parte de um clássico infantil, “A Galinha Ruiva”, que marcou sua infância. O livro é uma carta da galinha ruiva para o filho e passa por sentimento­s, como a raiva, o que para Novello é uma boa oportunida­de para crianças e pais conversare­m sobre as emoções.

“A literatura também tem a função de deixar uns espaços abertos para o leitor preencher”, reflete Novello, que conta com parcerias para as ilustraçõe­s. “As imagens complement­am o texto. A criança que não sabe ler, cria uma narrativa através delas”, diz.

Novello é formado em Letras e Artes Cênicas e é mestre em Literatura. Durante anos atuou como professor universitá­rio do curso de Pedagogia e hoje, ministra palestras para educadores, além de contar histórias.

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Gina Mardones
 ?? Gina Mardones ?? Maria Helena de Moura Arias, escritora e ilustrador­a: “A ilustração é um caminho novo para mim. As crianças guardam muito mais as histórias quando há imagens sobre elas”
Gina Mardones Maria Helena de Moura Arias, escritora e ilustrador­a: “A ilustração é um caminho novo para mim. As crianças guardam muito mais as histórias quando há imagens sobre elas”
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Divulgação Anderson Novello, escritor: “Se a história tiver humanidade, sempre vai ter identifica­ção com as crianças”

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