Queda de indicadores de saúde está expressa especialmente na resistência às vacinas
Fotógrafo Marcelo Caramori não apresentou detalhes da participação de réus na Publicano 2
Sem apresentar detalhes, o fotógrafo e ex-assessor da Casa Civil Marcelo Caramori foi ouvido pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanuncio, nesta segunda-feira (20), no processo relativo à Operação Publicano 2, que apura suposto esquema de corrupção milionário encrustado na Receita Estadual do Paraná. Em fevereiro de 2015, Caramori fez acordo de delação premiada com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) após ser preso por suposto envolvimento em esquema de exploração sexual.
O ex-assessor foi questionado pelo promotor do Gaeco Leandro Antunes se conhecia alguns réus do esquema que seriam da cúpula no órgão fazendário estadual. Caramori reafirmou as relações de amizade entre o empresário Luiz Abi Antoun, primo do ex-governador Beto Richa, e o auditor Márcio de Albuquerque Lima, então inspetor geral da Receita que seria uma indicação de Abi. Nesta fase da Publicano, Abi é considerado líder político do esquema de arrecadação de propina. Caramori disse em depoimento que Abi era quem “abria todas as portas” no governo.
A testemunha afirmou ainda ter ouvido conversas de Luiz Antonio de Souza, o principal delator da Publicano. Souza, Caramori e o exchefe da Receita de Londrina José Luiz Favoreto chegaram a ficar presos na mesma cela em 2015 na unidade dois da PEL 2 (Penitenciária Estadual de Londrina). Ele disse que nunca presenciou entrega de propina e não soube apresentar detalhes do esquema de propina. “Eu só ouvia o Luiz Antônio falar lá dentro que ia derrubar todo mundo”, disse ao juiz.
O depoimento durou cerca de cinquenta minutos. O advogado de Caramori, Leonardo Viana, não quis gravar entrevista, apenas comentou que seu cliente “prestou os esclarecimentos necessários” e “teve a mesma postura dos depoimentos anteriores”. O advogado de Abi, Anderson Mariano, disse que não iria comentar o depoimento prestado pelo fotógrafo.
Para o promotor do Gaeco Leandro Antunes o depoimento do colaborador auxilia a “desvendar a estrutura da organização criminosa. “A importância do depoimento dele é demonstrar o papel de cada um na Receita e a influência que alguns réus exerciam.”
PROCESSO GIGANTE
A Publicano 2 é o maior processo sobre o esquema de corrupção na Receita Estadual e uma das maiores ações em curso na Justiça Criminal do Estado. São 125 réus acusados de mais de 124 fatos criminosos como corrupção, concussão, corrupção ativa e passiva. O MP arrolou 40 testemunhas, sendo que nove foram ouvidas na última sexta-feira (17) e sete ontem. As demais moram em outras cidades e prestarão depoimento por carta precatória.
Além de Caramori, foram ouvidos empresários que supostamente teriam sido beneficiados pelo esquema. Isto é, teriam pago propina para os auditores fiscais apagarem ou cancelaram multas ou para liberação de créditos de ICMS. Uma das testemunhas, sócio de uma empresa do setor agrícola, disse que em três oportunidades foi pressionado por auditores fiscais a pagar 10% em propina para ter transferido esses créditos. Um dos pagamentos teria chegado a R$ 270 mil, segundo o empresário.
“Tivemos testemunhas muito importantes que confirmaram o pagamento de propina e a forma que se dava essa vantagem. Os fatos que o Ministério Público pretendia comprovar foram demonstrados”, disse Antunes ao informar que além dos depoimentos a ação contém outros documentos e interceptações telefônicas que comprovam os crimes denunciados.
O processo da Publicano 2 chegou a ficar parado e
Os fatos que o Ministério Público pretendia comprovar foram demonstrados”, diz promotor do Gaeco
ser remetido ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) por entendimento que envolveria políticos com foro privilegiado. Mas em fevereiro de 2015, a investigação retornou à 3ª Vara Criminal de Londrina, onde originalmente os processos começaram a tramitar em 2015. “Não vejo motivo para o retorno. Não há entre os réus detentores de foro.” As testemunhas de defesa serão ouvidas a partir do dia 29 de agosto. Já o interrogatório dos réus estão agendados de 17 de setembro a 31 de outubro.