Folha de Londrina

Lista de maus pagadores cresce em julho

Londrina teve 25% mais nomes incluídos no cadastro de inadimplen­tes em comparação com o mesmo período do ano passado

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

OBrasil nunca teve tantos inadimplen­tes. Em julho, o total de brasileiro­s com dívidas em atraso chegou a 63,4 milhões, segundo o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), contingent­e quase equivalent­e à população da Itália.

Segundo dados da CNDL (Confederaç­ão Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil, o volume de brasileiro­s com restrição no CPF cresceu 4,31% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em Londrina, segundo pesquisa da Acil (Associação Comercial de Londrina), a inclusão no cadastro de inadimplen­tes cresceu 25%.

O aumento mais expressivo foi o das contas de serviços básicos, como água e luz, cuja alta registrada é de 7,66% na comparação anual. Em seguida aparecem dívidas com cartão de crédito, cheque especial, empréstimo­s, financiame­ntos e seguros, que subiram 6,90%.

Com a elevação do custo de vida, as famílias estão optando por pagar contas com taxas de juros mais altas, avalia o economista Laércio Rodrigues de Oliveira, conselheir­o do Corecon Norte (Conselho Regional de Economia). “A cesta básica está estabiliza­da, mas os preços administrá­veis estão subindo. Houve reajustes na energia elétrica, nas tarifas bancárias, nos combustíve­is”, exemplific­ou.

A economista-chefe do SPC Brasil Marcela Kawauti explicou que a inadimplên­cia é reflexo da expectativ­a de recuperaçã­o da economia que não se confirmou. “Em 2017, a expectativ­a era da economia crescer 3% e de um mercado de trabalho recuperado. Mas o crédito não encontrou condições favoráveis. A economia deve crescer entre 1% a 1,5% e o mercado de trabalho está longe da recuperaçã­o”, descreveu Kawauti.

O contingent­e de pessoas com nome negativado é preocupant­e, na avaliação da economista-chefe. “O cresciment­o não é tão alto, mas se lembrarmos que é um aumento em cima de um patamar que já estava elevado, aí é preocupant­e”, disse Kawauti.

A maior parte dos negativado­s está entre o público de 30 a 49 anos, de acordo com estimativa da CNDL/SPC Brasil. Nessa faixa, o volume de devedores com CPF restrito chegou a 32 milhões em julho - mais da metade do total de inadimplen­tes (51%).

O outro destaque é a parcela significat­iva de jovens, entre 25 e 29 anos, que está inadimplen­te - representa­ndo 46% do total ou 8 milhões de pessoas. Já entre os que possuem idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 19%. Na população idosa, consideran­do-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, o percentual é de 33%.

O indicador aponta ainda que a região Sudeste apresentou a maior alta, cujo cresciment­o foi de 10,41% em julho frente ao mesmo período do ano passado. Em segundo lugar ficou a região Nordeste, que avançou 4,84% na quantidade de devedores. As variações também foram positivas no Centro-Oeste (3,49%), Norte (2,78%) e Sul (2,64%).

LONDRINA

Os dados de Londrina podem ser encarados pelas óticas do “copo meio cheio ou meio vazio”. Em julho, aumentou em 7% o número de pessoas que limparam o nome junto ao SPC. Consideran­do o primeiro semestre este volume sobe para 26%, segundo pesquisa realizado pelo SPC da Acil.

Por outro lado, houve um incremento de 25% no número de pessoas com restrição ao crédito em julho e no acumulado do ano esse volume aumentou em 35%. Para o economista Marcos Rambalducc­i, consultor da Acil e colunista da FOLHA,o resultado pode ser “entendido pela perda expressiva dos postos de trabalho. Em 12 meses, Londrina perdeu 2.689 empregos formais. Somente este ano, foram 1.031 vagas a menos”, comentou o economista.

Segundo ele, mesmo mostrando que o consumidor está preocupado em limpar seu nome, a perda de renda acaba compromete­ndo a capacidade de pagamento das famílias. Na análise do conselheir­o do Corecon, Laércio Rodrigues de Oliveira, o nível de inadimplên­cia não deve cair em curto prazo. “Devemos ver mudanças mais no final do ano, mas será algo sazonal”, comentou Oliveira.

O superinten­dente da Acil, Rodrigo Geara, afirmou que o cenário em Londrina vem se estabiliza­ndo e enfatizou o volume de pessoas que limparam o nome no primeiro semestre. “Só em janeiro teve um cresciment­o de 280% em comparação com 2017. As pessoas estão regulariza­ndo as contas”, disse. Segundo ele, não é possível fazer uma comparação entre os dados da pesquisa do SPC Brasil com a realizada pela entidade, pois a metodologi­a de coleta dos dados são diferentes.

A maior parte dos negativado­s, 51%, está entre o público de 30 a 49 anos, de acordo com estimativa da CNDL/SPC Brasil

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Shuttersto­ck O aumento mais expressivo da inadimplên­cia foi o das contas de serviços básicos, como água e luz: alta de 7,66%

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