Folha de Londrina

Endereços duplicados confundem a população

Apesar de a legislação proibir, vias com o mesmo nome podem ser encontrada­s em diferentes bairros de Londrina

- Vitor Ogawa Reportagem Local

Em um mundo repleto de aplicativo­s que indicam o endereço em tempo real por meio do uso do GPS, por vezes alguns deles acabam direcionan­do para o local errado. Isso acontece porque um nome é usado em mais de uma via. Um exemplo é a João Alves da Rocha Loures, que existe como rodovia no jardim União da Vitória (zona sul de Londrina) e como rua no conjunto Neman Sahyun, também na zona sul. O motoboy Flávio César Gonçales relata que a duplicidad­e faz com que muitos policiais de outros municípios que precisam ir à PEL 2 (Penitenciá­ria Estadual de Londrina 2) parem na rua de sua casa, no Neman Sahyun. A penitenciá­ria fica rodovia. “Muitas viaturas e carros de outras cidades acabam vindo para cá. Eles acabam batendo palmas na frente de casa para buscar informaçõe­s. Como aqui é fim de bairro, para retomar o caminho certo é preciso dar a volta no jardim Ouro Branco. A distância entre os dois endereços é longa, cerca de 4,5 km”, detalha.

O motoboy também observa que muita correspond­ência errada acaba parando em sua casa. “A gente tem que devolver tudo para os Correios para eles entregarem no local correto. A prefeitura precisa mudar isso para melhorar para todo mundo”, observa. Quem acabou parando no endereço errado é a jornalista Carina Paccola, que precisava ir para o União da Vitória, mas o aplicativo acabou direcionan­do seu veículo para o outro bairro. “Peguei o endereço, coloquei no GPS do celular e fui seguindo as orientaçõe­s. Cheguei até a rua, mas o número que eu procurava não existia. Eu tinha ido parar no Neman Sahyun”.

A culpa não foi nem dela, que não conhecia o local, e nem do aplicativo, que precisa lidar com nomes em duplicidad­e no município, apesar de a legislação local vedar essa prática. Segundo a lei nº 7631/1998 , “não haverá nomes em duplicata e as vias fisicament­e unas e contínuas manterão o mesmo nome, inclusive em seu prolongame­nto, salvo mudança consideráv­el de direção, largura ou caracterís­ticas”.

Mas não é isso que ocorre na prática. O município possui a rua e a travessa Belo Horizonte (ambas no Centro), assim como a Manuel Alves da Silva é rua no jardim Maria Luiza e rodovia no conjunto João Turquino. Até mesmo vias bem movimentad­as e conhecidas são “duplicadas”. A Celso Garcia Cid (rua no Centro e rodovia) é um exemplo.

Por vezes essa duplicidad­e pode resultar em um erro de dezenas de quilômetro­s de distância. Um motorista que faz serviços para uma famosa rede de varejo relatou que entregou móveis na Alameda Miguel Blasi, centro de Londrina. No entanto, o trabalho deveria ter sido realizado na rua Miguel Blasi, no distrito de Paiquerê (zona sul). “Nesse episódio quase perdemos a mercadoria”, relatou o entregador.

O porteiro Ismael Vieira da Silva trabalha em um conjunto de prédios localizado na rua Manoel Alves da Silva, no jardim Maria Luiza. Ele relata que entregador­es de outros municípios são os mais prejudicad­os. “Quando eles programam no GPS, esse endereço aparece no conjunto João Turquino; e muitos contam que acabam parando em uma rua ‘morta’”, destacou. “Como alguns motoristas não conseguem encontrar o endereço, devolvem a mercadoria para o depósito e até o cliente entender o que aconteceu pode demorar dias.”

Já a dona de casa Sidnea Salles de Oliveira teve um grande transtorno por causa do nome da rua. “Eu moro aqui há 14 anos e essa rua sempre se chamou Josip Kloc, mas em 2016 apareceu na conta da Copel que a via era a Manuel Alves da Silva. Na hora do meu filho transferir o carro eles não aceitaram a conta de luz como comprovant­e de endereço, porque o nome da rua era diferente do que ele havia fornecido no documento. Pedi certidão narrativa e a Copel não aceitou. Tive que levar a lei que denominou a rua para que eles aceitassem”, relatou. O problema é que a mesma via acabou ficando com dois nomes.

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Fotos: GustAvo CArneiro Rodovia João Alves da Rocha Loures, no União da Vitória: muitos motoristas se confundem e acabam no Neman Sahyun
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Flávio César Gonçales, motoboy: busca de informaçõe­s

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