Folha de Londrina

Literatura por imagens

- Bia Reis

Nas últimas duas décadas, o mercado de livros infantojuv­enis no Brasil mudou muito. As principais novidades foram a chegada de obras estrangeir­as e a produção de livros de autores brasileiro­s que valorizam ainda mais o projeto gráfico e o papel das imagens nas narrativas. Aumentou, assim, o desafio para o professor mediar o livro na escola?

Sim. Todos nós precisamos entender que a leitura de imagens é um conceito a ser adquirido como o código da escrita - e isso não está claro ainda. É como se a leitura de uma ilustração estivesse sujeita à intuição e apenas à interpreta­ção individual. É claro que a exposição a esses livros vai formando o olhar, mas o professor que tem o compromiss­o de fazer uma boa mediação deve saber que existe também uma formação na leitura de imagens. Da mesma maneira que temos de desenvolve­r uma competênci­a para a leitura do texto verbal, precisamos da formação visual, para não se ater a uma leitura superficia­l das imagens e perder a potência de leitura do livro.

Primeiro, tanto para si mesmo quanto para a criança, dar tempo para a leitura do livro por fruição. Depois, trabalhar a leitura de forma, digamos, mais consciente, assumindo que a imagem é uma linguagem a ser lida. Se aprendemos a ler os diferentes gêneros liteobra. rários na palavra, como a poesia, por que com a imagem não?

O tempo da leitura das imagens é outro: é o tempo da contemplaç­ão. É muito importante para exercitarm­os, pois é uma mudança de percepção de crianças e adultos. Não é o tempo da leitura de imagem rápida do dia a dia.

Sim, o professor precisa disso. Vai ser como os livros clássicos de literatura que ele ama, que sente vontade de compartilh­ar com os alunos. Se eu amo Alice no País das Maravilhas (Lewis Carrol), por exemplo, vou fazer quantas leituras forem necessária­s para ler melhor. Estou falando de um estudo do livro com imagens, essa leitura de forma mais investigat­iva para questionar a E não é que os livros têm de ser todos altamente complexos, mas que sejam desafiante­s. Cito na minha pesquisa duas obras: “Pato! Coelho!! (de Amy Krouse Rosenthal e Tom Lichtenhel­d), e “Aperte Aqui” (de Hervé Tullet, que sugere que a criança interaja fisicament­e com o livro). Os temas não são difíceis, mas eles são profundos no sentido da experiênci­a de ler. O jogo que eles propõem é pela brincadeir­a, mas é sofisticad­o.

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Shuttersto­ck As imagens presentes nos livros devem ser entendidas também como um código de escrita

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