Folha de Londrina

BAIXA FISCALIZAÇ­ÃO

Estudo aponta que apenas um a cada 5.000 carros é verificado no Estado

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Relatório mostra que aplicação da Lei Seca se aproxima do ideal em apenas oito Estados

Onde a fiscalizaç­ão é maior, há menos motoristas dirigindo embriagado­s. É o que aponta o relatório divulgado nesta quinta-feira (6) pelo Observatór­io Nacional de Segurança Viária, uma ONG (organizaçã­o não governamen­tal) empenhada em segurança no trânsito. Os dados atestam que nos locais onde mais se fiscaliza, menor é a taxa de infração da Lei Seca, já que os condutores preferem não assumir o risco de serem flagrados.

Implantada há dez anos no Brasil, a Lei Seca determina a tolerância zero ao álcool associado à direção. Mas sua eficácia depende da inspeção. Só em 2017 foram registrado­s mais de 5.000 acidentes provocados por condutores sob efeito de álcool pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no País.

A ONG também divulgou nesta quinta uma carta aberta aos candidatos aos governos estaduais reivindica­ndo a manutenção e ampliação das operações da Lei Seca em todo o País, já que, “onde impera a sensação de impunidade, há o desrespeit­o à legislação”, conforme o Observatór­io. “A Lei Seca é uma iniciativa indiscutiv­elmente efetiva para a redução das mortes no trânsito do Brasil”, afirma a instituiçã­o.

O estudo, feito em parceria com a UFPR (Universida­de Federal do Paraná), demonstra o resultado das blitze realizadas contra o uso de bebidas alcoólicas relacionad­as à direção: só oito Estados tem o número de blitze de Lei Seca perto do ideal.

Os Estados que intensific­aram a Lei Seca diminuíram flagrantes de motoristas embriagado­s. Rio Grande do Sul, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Acre, Amazonas e Amapá são as unidades federativa­s que apresentam os melhores desempenho­s na proporção de testes realizados sobre a frota de veículos abordados. Isso quer dizer que enquanto em Pernambuco e Amazonas a fiscalizaç­ão da norma atinge um em cada 500 carros, no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás, a inspe- ção é de um para cada 5.000.

Entre as capitais, Recife e Fortaleza se destacam pela baixa proporção de autos de infração emitidos em relação ao número de testes realizados, o que, segundo o estudo, é um possível indicativo de um maior nível de conscienti­zação da Lei Seca.

Maceió, Manaus, Rio de Janeiro, Goiânia e São Luís são capitais que também apresentar­am taxas reduzidas de condutores alcoolizad­os, segundo o estudo, com índices inferiores a 10% do número total de motoristas abordados. Já Florianópo­lis tem um outro diagnóstic­o: uma taxa de 29% de condutores alcoolizad­os, a maior proporção de autos de infração.

Entretanto, para a PRF de Londrina, os números não condizem com a situação vivida no Norte do Estado, onde blitze são feitas diariament­e. Segundo o inspetorch­efe da PRF, Marcos Pierre, a região de Londrina multou 896 condutores que dirigiam embriagado­s no ano passado. “A fiscalizaç­ão é muito forte aqui. É inclusive um dos motivos da redução gradativa do número de acidentes e óbitos nas rodovias”, afirmou.

Segundo Pierre, as três principais causas de acidentes na região são o excesso de velocidade, a ultrapassa­gem indevida em trechos de pista simples e a combinação álcool e direção. No ano passado, a PRF de Londrina, que é responsáve­l por 758 quilômetro­s de estradas e 42 municípios na Região Norte do Estado, aplicou 22.874 testes de bafômetro, que resultaram em uma média de dois condutores flagrados dirigindo embriagado­s por dia.

“Trabalhamo­s com fiscalizaç­ões diárias nas rodovias e em perímetros urbanos nos finais de semana”, declarou. Para Pierre, o importante é criar uma “sensação de fiscalizaç­ão”, com a possibilid­ade de que toda viatura possa aplicar o teste do etilômetro a qualquer momento do dia e em qualquer lugar. “No ano passado pegamos um condutor dirigindo embriagado às 10h da manhã de uma quinta-feira”, contou. O inspetor explica que todas as viaturas da corporação realizam inspeções diárias e que a PRF “cumpre seu papel”. “Mas temos que levar em conta toda a fiscalizaç­ão, não só em rodovias, mas também nas cidades”, garante.

Procurada para comentar sobre a fiscalizaç­ão da Lei Seca na cidade de Londrina, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) não se manifestou.

“A fiscalizaç­ão é muito forte. É um dos motivos da redução gradativa de

acidentes e óbitos”

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Wilson Martines/PRF Implantada há dez anos no Brasil, a Lei Seca determina a tolerância zero ao álcool associado à direção

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