Museus europeus têm sistemas antifogo robustos
Paris -
Instituições europeias com vocação e acervo semelhantes aos do Museu Nacional do Rio, destruído por um incêndio no domingo (2), possuem sistemas de prevenção e combate a incêndios muito mais robustos do que o do edifício carioca, com detectores de fumaça, sensores de temperatura, circuito interno de câmeras, portas cortafogo, equipes em vigília permanente e extintores, entre outros dispositivos.
No Museu de História Natural de Berlim, por exemplo, há 28 profissionais treinados para entrar em ação em caso de emergência. A coleção inclui cerca de 30 milhões de itens de zoologia, paleontologia, mineralogia e geologia, e o público anual da instituição fica na casa das 800 mil pessoas.
A inauguração do prédio remonta a 1889. Ao contrário do que se viu no Rio, o Corpo de Bombeiros berlinense conhece detalhadamente a estrutura do prédio em que funciona o museu e está ligado a uma das alas expositivas por uma linha direta, de disparo automático - a outra ala deve ser conectada à corporação em breve.
Nos recintos reformados mais recentemente foram instalados detectores a laser. No total, 841 salas do edifício principal contam com algum tipo de sensor. Já no Museu Nacional de História Natural da França, criado em 1635, 12 pessoas se revezam 24 horas por dia na segurança contra o fogo no polo situado no Jardim das Plantas - onde ficam atrações como a Galeria de Paleontologia, aberta em 1898, e as da Evolução, de Mineralogia e de Botânica.
Além disso, no Museu do Homem (dedicado à etnografia), três agentes respondem pela prevenção a chamas. Só nesse espaço, reaberto em 2015 depois de uma reforma, 10 milhões de euros (R$ 48 milhões) foram gastos no sistema antifogo, segundo Pierre Dubreuil, vice-diretor-geral do Museu Nacional de História Natural.
O polo do Jardim das Plantas, de seu lado, recebeu outros 12 milhões de euros (R$ 58 milhões) ao longo da última década para atualizar seus dispositivos. Em ambos, a rede de detectores de fumaça cobre teto, paredes e piso. Há portas corta-fogo e, nas escadas que ligam os pavimentos, mecanismos de isolamento das chamas. Quase 3 milhões de visitantes passaram por lá em 2017.
O museu, que tem em seus quadros 500 pesquisadores e 350 estudantes de mestrado e doutorado, está subordinado a dois ministérios: o do Ensino Superior, Pesquisa e Inovação e o do Ambiente. Deles vêm 50% de seus recursos, afirma Dubreuil. A outra metade tem origem no mecenato (de empresas e pessoas físicas) e nas receitas de bilheteria.
Apesar do sucesso de público e dos investimentos vultosos (ou justamente por causa desses últimos), um relatório do Tribunal de Contas da União francês apontou em 2017 um “quadro financeiro alarmante” na instituição e recomendou um rápido rearranjo contábil. O documento mostrava que as despesas de custeio do museu tinham passado, de 2013 a 2015, de 63 milhões de euros (R$ 304 milhões, na cotação atual) para 89 milhões de euros (R$ 430 milhões).
Corpo de Bombeiros berlinense conhece detalhadamente a estrutura do Museu de História Natural